domingo, 29 de agosto de 2010

O Filósofo e o Lobo.


Acontece que eu aluguei "Romulus, meu pai", e gostei do filme, que dizia ser o personagem um escritor de verdade, o qual escreveu um livro com o mesmo nome do filme (que quero muito ler) e um chamado "O cão do filósofo". Opa, amo cães e adoro filosofia, fui atrás do livro, mas, só havia sido traduzido para o português de portugal, ele não cruzou o atlântico. Como isso foi no meu aniversário, o Thiago falou pra Márcia, que apaixonada por livros como eu, foi em busca do presente perfeito. No meio do caminho houve uma pequena confusão e ela acabou adquirindo "O Filósofo e o Lobo"!
Eu adorei o livro, filosofia simples, e animais amados! Mas, o que quero comentar é uma passagem em que, comparando o homem ao lobo, o autor afirma que o lobo consegue viver o próprio momento, como se o tempo pra ele fosse circular, e cada momento pudesse ser único, ao passo, que pra nós, qualquer momento traz uma carga de recordações e expectativas, saindo do presente e se diluindo no tempo, como uma reta.
Ele diz que é impossível pro ser humano viver em um momento 100%. Eu concordo que muitas vezes nossa cabeça foge mais do presente do que deveria.
Mas, quando eu saio de casa uma hora mais cedo pra aula de aquacultura, só pra poder passar um tempo olhando pro mar, é porque eu só posso ter essa sensação estando lá, por mais que eu tente me lembrar de como é olhar pro mar, estar lá é diferente, isso faz daquele momento único, porque eu não posso leva-lo na mochila e tira-lo quando bem entender. É perfeitamente possível ficar só olhando, sentindo o mar. Sem experiências passadas, pois elas não cabem na minha mochila, e sem expectativas, pois de frente àquela imensidão eu não sei se terei o privilegio de vê-lo e senti-lo novamente, e na verdade, não me importa, o que importa é o que eu sinto, não é exatamente alegria, paz, tranquilidade, é... não acho uma palavra, é a integração que eu sinto, como se eu, mar, areia, aquele momento e tudo o mais fôssemos um só.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cachorros, como sempre!

Como é praticamente impossível passear com meus amados cachorros sem querer enforca-los no final, e como minha mão já esta´com bolhas de tanto que eles puxam, adotei um novo sistema de passeio, eu vou de bike e os doidos correndo do lado, na frente, atrás, por cima... mas, um de cada vez!
Quarta feira não precisaríamos chegar tão cedo na facul, e como os cães não passeavam desde sexta (quando teve festa no vizinho, eles escapuliram, o Jacques perdeu a roupinha e o Gurila chegou cinza esverdeado, de tanto que havia se esfregado num coco, dormiram do lado de fora essa noite), resolvi dar uma voltinha com eles.
Então, fomos nós, primeiro o gurila, que é mais esperto e assim que abro o cadeado da bicicleta ele já adota uma postura de quem diz:
- eu vou primeiro.
enquanto o jacques abana o rabo sem saber muito bem porque me ver destrancando a bicicleta o deixa tão feliz.

Muito bem, na rua tinha uns caras arrumando um cano, apesar de meio tensa, confio em jesus e... como minha fé não falha, o gurila nem bola dá, continua concentrado no seu frenesi: corre, cheira, late...
vamos até a praia e voltamos, passamos novamente pelos homens, que
para o gurila parecem invisíveis! Bom cachorro!
Em casa, troco os cães, o jacques, resiste e não dá um cacete no "pobre-vira-lata-de-rua-sustentado-pelo-vizinho", muito orgulhosa, aposto que ele não tem intenção de morder ninguém esse dia, então passo novamente pelos homens, mas dessa vez eles ficam me encarando, é lógico... que idiota e ingênua sou eu, faça as contas, é a terceira vez que passo linda e sorridente, por um monte de pião juntos, eles
no mínimo devem estar achando que estou "querendo coisa", e fico nessa lamuriação/conflito/medo internos, quando...
Ei, cadê o Jacques... olho pro lado e ele está, juro, fazendo xixi no casaco do cara! huahauhauhauhau... (calma, não acerta o casaco, pois ele é baixinho e o casaco está pendurado mais alto) com uma cara de:
"ok, somos um time, eu resolvo seus problemas, xá comigo!"
Eu tento falar um "jacques" brava, mas escapa uma gargalhada no final, sorte que já estávamos longe, e bem, preferi voltar por outro caminho!

Mas, infelizmente, minha teoria de que eles decoravam o jardim da casa com nossas roupas intimas e lixo reciclavel por falta de passeio era furada...
E ontem a noite via-se pelo jardim caixa de leite, cuecas, meias, meu long!, latinha de arenque (que claro, antes de ser posta como parte da decoração o gurila, foi ele com certeza, fez questão de limpa-la todinha)...

Bem, não é muita coisa, mas, é que estou sendo durona com eles, então estão na linha!
(se o Thiago lesse isso com certeza iria elucidar melhor: durona como musse de chocolate...).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Vôo da Gaivota.



Eu me descobri uma espiritualista espírita! rs... Minha mãe sempre me contou 1000 histórias espíritas, portanto eu, que prestava particular atenção ao que era dito, sempre tive uma inclinação à tal filosofia.

Minhas experiências particulares foram poucas, talvez pela minha ignorância e imenso medo. Eu não lembro qual veio primeiro, mas, certa vez dormindo no quarto que minha falecida avó costumava dormir, eu acordei de repente (o que é mto raro, uma vez que meu tipo de sono é o pesado/profundo), eu fiquei deitada de lado, tentando imaginar o que fazia eu de olhos abertos, então eu ouvi, uma respiração, alta e forte, de alguém que dormia de boca aberta,como a de minha avó, quando ela dormia. Eu pulei da cama e sai correndo do quarto, na sala a respiração era igual, como se viesse de todos os lugares, prestei atenção pra ver se não estava confundindo com a do meu pai, mas não, o ronco dele estava lá, competindo com a respiração misteriosa... rs... Me afastei até a janela, onde não podia ouvir nada e rezei um pai-nosso (minha oração mor) e então, não ouvia mais a respiração, só o ronco do meu pai.

A outra experiência, não foi exatamente minha, mas foi para mim, bom veja você. Eu estava no segundo colegial e resolvi por as “asinhas de fora”, eu não sabia o que eu era (ainda não sei exatamente o que sou, mas sei o que não sou) e saia com umas amigas em busca de... bem, em busca de mim mesma, talvez. Meu papo com a minha mãe não era exatamente uma beleza, mas certo dia ela chegou assustada perto de mim e me disse:
- Keith, eu estava orando, quando algo dentro de mim disse para pegar uma caneta e um papel, e então, eu escrevi isso.
No papel dizia: Lídia, fala pra Keith que o fim pra quem usa drogas é a morte morte MORTE. E as letras iam ficando maiores e mais fortes. Nunca me esqueço, guardei o papel, mas já não sei onde está.

Enfim, gosto de ler, descobri isso no vestibular e desde então sempre ando com um romance na mochila, fuço a biblioteca da facul de cabo a rabo, e os livros se candidatam para serem lidos por mim, tenho uma quedinha por psicologia e estava nessa estante quando esbarrei no livro Violetas na Janela, adorei, achei fantástico ler um livro de alguém que já tinha passado pelo que eu mais temia na vida. Passei a ler livros desse tipo e quando estava com algum conhecimento minha tia “desencarnou”, penso como seria mais difícil se eu não tivesse esse conhecimento.

Às vezes me considero realmente sortuda. Fiquei muito grata por como as pessoas estão reagindo a essa minha nova filosofia, ninguém ainda me chamou de esquisita ou maluca por isso, e inclusive acho que pude, de alguma forma, ajudar meu pai. Ele realmente gostava dessa irmã, mas eu não sei como é o relacionamento dele com Deus, expus minha opinião, acho que ele gostou, acho que se acalmou. Ninguém na família leva mto a serio a religiosidade exagerada da minha mãe, e ninguém expressa nenhum outro tipo de espiritualidade.

O que eu gosto no espiritismo é, além de tudo, o novo conceito de bondade. Já expressei aqui o que eu acho sobre ser bom. Mas, esse livro (O Voo da Gaivota) vai além e eu fiquei realmente surpresa. Em um ponto do livro em que ela conta a história de um médico nazista que fazia experiências em um campo de concentração, as experiências eram realmente cruéis e eu nem consegui ler, quando ele desencarnou, claro, muitos dos que ele havia afetado ficaram esperando por ele no umbral e passaram anos o atormentando, até que ele pediu ajuda. Simplesmente isso, você está me entendendo? Ele pediu sinceramente ajuda, e foi respondido. É um conceito novo, as suas vítimas sofreram, mas não evoluíram, quiseram vingança.
É bom saber que tem um Deus,pelo menos o meu Deus, que não tem regras lineares, não tem o fazer isso pra receber aquilo, o assunto aqui é bem mais amplo. É disso que eu gosto.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O que aconteceu com o mundo?



Quando foi que se mudaram os conceitos de felicidade? E ninguém me avisou.
Parece piegas, mas realmente, eu vejo, o objetivo não é a felicidade, a plenitude, nem de longe. Ascenção profissional e econômica é o que importa, a qualquer custo.

Eu já desconfiava disso, mas não achava que era realmente sério, fui fazer o curso que gostava, sem ligar a mínima se teria lugar no mercado de trabalho, eu realmente não me importei com isso, por esse motivo não pestanejei em prestar pra oceanografia (logia seria o mais correto). E eu insisti, fiz dois anos de cursinho, para me meter numa cidadezinha fria, no fim do país. Porque eu sabia, não seria feliz num curso de administração, mesmo gostando de números e, provavelmente (analisando pela minha administração pessoal) sendo boa na coisa.

Claro, no meio do caminho tive crises, me perdi mesmo, e fiquei futucando meios de me tornar milionária dentro da profissão. E no fim, voltei a minha essência (não sem a ajuda do meu fiel companheiro) e percebi que não quero ser milionária, não quero o que não preciso, e não preciso ser milionária. Não preciso de empregadas, cozinheiras e babás, carros carésimos (muito embora, seria mais fácil dirigir). Isso me afastaria do imenso prazer que sinto ao andar descalça, acampar no mato. E eu não quero perder esse prazer, por mais legal que seja passear de iate, eu prefiro velejar.

Não via problema nenhum em desejar simplicidade, porém, percebi que tenho vergonha. Não me sinto a vontade em dizer isso pras pessoas, pra nenhuma delas. As mulheres que eu mais admiro (minha irmã e a Márcia, ela não gosta da palavra sogra) não suportariam ouvir isso, mesmo minha mãe não me daria permissão para querer uma coisa dessas, ela, que é a pessoa mais simples que eu conheço, quando se trata do futuro dos filhos se mostra um megalomaníaca de primeira.

Minhas amigas de curso (lembre-se oceanologia-grafia) querem se dar bem, claro, financeiramente. “Eu não me importo de continuar no Brasil, contanto que ganhe bem”, dizia uma, e eu, o que eu vou dizer? “Eu quero ir trabalhar de bicicleta!”, você consegue imaginar qual seria a reação? Eu preferi não dizer nada, é realmente muito chato ver seu sonho virar piada.

E mais chato ainda ver disseminado um conceito no qual eu não me encaixo e nem tão pouco concordo. Acordem, as pessoas não são o que elas tem, não olhem de cima pra baixo, quem não tem ambição econômica não é um perdedor, não é um medroso, é simplesmente uma pessoa que pensa diferente da massa e que almeja uma coisa diferente, apenas isso. É um homossexual da economia.