terça-feira, 11 de novembro de 2014

A Maconha e os valores burgueses

Estamos no ano de 2014, quase 2015. Existe uma espécie vegetal proibida nascer. Existem masmorras onde pessoas se acumulam sem dignidade pelo fato de ter tido alguma relação com a planta proibida. Existem pessoas sofrendo por diversas doenças, que poderiam ter seu sofrimento amenizado, mas são proibidas, são obrigadas a sofrer. Existem cultos religiosos que não podem ser executados. E uma atividade da muito socializadora é criminalizada.

Está em trâmite um projeto de legalização da maconha. Mas, a resistência do conservadorismo brasileiro é grande.

Eu tenho inúmeras teorias conspiratórias para proibição da maconha, além da mais conhecida (que nem é mais teoria, é realidades estatística), que seria a discriminação social, racial, uma vez que não existe bota na porta e policial de fuzil invadindo casa de classe média. Penso, é inegável que com seu consumo há uma expansão da consciência, tendência de socialização, troca de ideias, afloração de sentimentos, satisfação interna que diminui a necessidade do consumo - algo inaceitável na sociedade calcada no produtivismo. Mas, isso é uma impressão muito pessoal e pontual. Não é pauta aberta em debate "legalizem a maconha para que possamos nos satisfazer mais e consumir menos" ou "não podemos legalizar, pois se legalizarmos a maconha as pessoas deixaram de consumir e haverá um colapso econômico". Logo esse argumento teoricamente não existe e é coisa da minha cabeça. Então passaremos para argumentos mais presentes e sólidos: os valores burgueses.

A responsabilidade burguesa consiste em trabalhar muito e ascender economicamente, não pensar em relações extraconjugais e educar os filhos para obedecerem essa mesma linha de comportamento. Essa moral envolve também obedecer as leis, embora burlar impostos não seja tão grave assim. É comum que pessoas que consomem maconha se desvirtuem desse roteiro. Tendem a não sacrossantificar o trabalho nem o matrimonio. Ponho então duas questões, que na verdade são uma só:

Será que consumir maconha faz com que a pessoa não se prenda aos valores burgueses?

Nesse caso, a bancada evangélica age de modo coerente ao abominar a legalização! Sim, porque eles temem que essa seja a responsável pela "desvirtuação" da moral humana. E que os valores burgueses são absolutamente bons, e se desvirtuar deles é absolutamente ruim. Isso deve ser mesmo muito inquietante. Eles então estariam tentando salvar as pessoas desse desvio.

Ou

Será que a pessoa por não se prender aos valores burgueses não encontra problemas em consumir maconha?

Esse modo de pensar a questão tira a responsabilidade da maconha e passa ao indivíduo o poder de discernimento. O qual opta por ter uma experiência, uma sensação psíquica independente do terrorismo que existe sobre isso. O incomodo aqui é que traz o seguinte ponto: nesse caso os valores burgueses são passíveis de serem questionados. E assumir isso põe em "risco" todos os outros valores.

Um dia uma amiga me disse "é difícil ser mãe, esse mundo tá todo errado". Achei um pouco dramático o comentário, mas tive que concordar, o que eu não sabia era o que a levava a pensar assim. Mas, para minha infelicidade ela completou: "tem casal morando junto sem casar, tá cheio de gay, é muita droga solta por aí..."

É interessante pq se concordei que o mundo tá errado é justamente pelo contrário. Pelo fato de o juiz ou o padre ter que autorizar a manifestação do amor - o que anda meio em baixa, eba. É ruim ter gente que busca controlar a vida sexual alheia, e plantas proibidas de existir.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


Mutacio kaj Libereco
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