Estamos no ano de 2014, quase 2015. Existe uma espécie vegetal proibida nascer. Existem masmorras onde pessoas se acumulam sem dignidade pelo fato de ter tido alguma relação com a planta proibida. Existem pessoas sofrendo por diversas doenças, que poderiam ter seu sofrimento amenizado, mas são proibidas, são obrigadas a sofrer. Existem cultos religiosos que não podem ser executados. E uma atividade da muito socializadora é criminalizada.
Está em trâmite um projeto de legalização da maconha. Mas, a resistência do conservadorismo brasileiro é grande.
Eu tenho inúmeras teorias conspiratórias para proibição da maconha, além da mais conhecida (que nem é mais teoria, é realidades estatística), que seria a discriminação social, racial, uma vez que não existe bota na porta e policial de fuzil invadindo casa de classe média. Penso, é inegável que com seu consumo há uma expansão da consciência, tendência de socialização, troca de ideias, afloração de sentimentos, satisfação interna que diminui a necessidade do consumo - algo inaceitável na sociedade calcada no produtivismo. Mas, isso é uma impressão muito pessoal e pontual. Não é pauta aberta em debate "legalizem a maconha para que possamos nos satisfazer mais e consumir menos" ou "não podemos legalizar, pois se legalizarmos a maconha as pessoas deixaram de consumir e haverá um colapso econômico". Logo esse argumento teoricamente não existe e é coisa da minha cabeça. Então passaremos para argumentos mais presentes e sólidos: os valores burgueses.
A responsabilidade burguesa consiste em trabalhar muito e ascender economicamente, não pensar em relações extraconjugais e educar os filhos para obedecerem essa mesma linha de comportamento. Essa moral envolve também obedecer as leis, embora burlar impostos não seja tão grave assim. É comum que pessoas que consomem maconha se desvirtuem desse roteiro. Tendem a não sacrossantificar o trabalho nem o matrimonio. Ponho então duas questões, que na verdade são uma só:
Será que consumir maconha faz com que a pessoa não se prenda aos valores burgueses?
Nesse caso, a bancada evangélica age de modo coerente ao abominar a legalização! Sim, porque eles temem que essa seja a responsável pela "desvirtuação" da moral humana. E que os valores burgueses são absolutamente bons, e se desvirtuar deles é absolutamente ruim. Isso deve ser mesmo muito inquietante. Eles então estariam tentando salvar as pessoas desse desvio.
Ou
Será que a pessoa por não se prender aos valores burgueses não encontra problemas em consumir maconha?
Esse modo de pensar a questão tira a responsabilidade da maconha e passa ao indivíduo o poder de discernimento. O qual opta por ter uma experiência, uma sensação psíquica independente do terrorismo que existe sobre isso. O incomodo aqui é que traz o seguinte ponto: nesse caso os valores burgueses são passíveis de serem questionados. E assumir isso põe em "risco" todos os outros valores.
Um dia uma amiga me disse "é difícil ser mãe, esse mundo tá todo errado". Achei um pouco dramático o comentário, mas tive que concordar, o que eu não sabia era o que a levava a pensar assim. Mas, para minha infelicidade ela completou: "tem casal morando junto sem casar, tá cheio de gay, é muita droga solta por aí..."
É interessante pq se concordei que o mundo tá errado é justamente pelo contrário. Pelo fato de o juiz ou o padre ter que autorizar a manifestação do amor - o que anda meio em baixa, eba. É ruim ter gente que busca controlar a vida sexual alheia, e plantas proibidas de existir.
o questionamento e a reflexão nos tornam mais conscientes, plenas, felizes, questionadoras e reflexivas!
terça-feira, 11 de novembro de 2014
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