
Deixar os dedos dançarem no teclado, e ver no que dá, assistir de longe o duelo entre pensamento e mãos, como se nenhum deles me pertencesse.
Eu sei que no final o eu, crítica demais, vai achar que o resultado não foi satisfatório. Como nada que flui sem sua fiscalização autoritária pudesse ser bom o bastante, pudesse não ser vergonhoso.
Os dedos dançantes param, como se vigiados pelo fiscal alerta. O fiscal pergunta se eles tem algo a dizer, eles questionam se isso é mesmo necessário, se só se pode se dizer quando há algo a ser dito. A discussão pára numa nova pausa.
Os dedos se sentem impelidos a parar, como se dançar por dançar, sem um fim específico, fosse um crime. Como se a música se fizesse necessária, como se só o sentimento não bastasse.
E ao final, novamente o autoritário eu bloqueia qualquer lapso de espontaneidade, deixando os dedos bobos apenas a espera de novas ordens a serem categoricamente cumpridas.
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