terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O rolo compressor

Está ocorrendo um indignante situação na belíssima Baia de Guanabara. Eu infelizmente não tenho encontrado o tempo necessário para me aprofundar na questão tanto quanto gostaria. Mas, vou relatar as esparsas informações que tive acesso e foram suficientes para me preencher de apreensão.


Simplificando uma complexa realidade, a pupila dos "desenvolvimentistas" a Petrobrás, teve a excelente ideia de transportar gás por dutos submarinos pela Baía de Guanabara. Esses dutos (além de estarem transportando substâncias nocivas com risco de vazamento) exigem uma área mínima de 400 metros de cada lado de qualquer atividade, inclusive pesqueira, o que proporciona uma zona de exclusão da pesca de 46% da área da baía. A novidade tem causado desconforto entre os pescadores, que milagrosamente (tendo em vista a quantidade de incentivo) conseguiram formar uma associação (AHOMAR) e reivindicar seus interesses. Os conflitos são antigos e intensos, como se pode imaginar numa região densamente povoada e com atividades tão diversa$. Em recente matéria do jornal Folha de São Paulo há a denuncia de milícias (palavra utilizada no jornal =O) que impedem a atividade da pesca "estudo afirma que apenas 16% da região pode ser utilizada para pesca, nos outros 84% há a atuação de milicianos que permitem apenas empreendimentos de petróleo e gás, além do entorno da ponte onde a pesca já é proibida". O conflito gerou assassinatos e ameaças, que prefiro nem considerar de tão bárbaro.

Eu tenho total consciência de que a pesca é uma atividade predatória e que muitos pescadores são movidos por interesses capitalistas e que sempre que podem pescam além do necessário. Porém, estamos assistindo uma exclusão social gravíssima, a "privatização" de um espaço importantíssimo. Estamos assistindo a destruição de uma cultura, enquanto falamos e debatemos nossas dívidas com índios e negros. Temos Macaé como um exemplo a ser evitado com todas as forças, em que "Os impactos decorrentes de fatores econômicos, ambientais e políticos passaram a comprometer o modo de vida dos pescadores(as) e a fixação de sua identidade. Muitos são forçados, por pressão da especulação imobiliária, a deixar a orla das praias, local primário de moradia. Outros não conseguem manter-se na pesca. Transformam-se em favelados e perdem as suas referências, adoecem, tornam-se alcoólatras, desestruturam toda a rede familiar." nessa cidade de horrores o índice de violência é altíssimo, houve a destruição de uma idílica vila de pescadores. Mas nossa pupila paga belos salários para seus funcionários utilizarem carros blindados, cercarem suas casas, puxa como o petróleo move a economia e é fundamental para nossas vidas, temos empresas de seguro em Macaé, alarmes que exigem manutenção, pode ser feita por um ex-pescador que não tenha se transformado em "vagabundo". Em que mundo eu vivo? Precisamos de petróleo para vivermos, matriz energética, quem acenderia a luz da bolsa de valores de NY? E os carros, e todo plástico, definitivamente, não dá para viver sem tapouer, televisão, agora, peixe, alimento gratuito, bem isso não é tão relevante.  Quem pode paga para se alimentar, e quem paga é que importa, são pessoas de valor, que se esforçam, trabalham horas a fio dedicada e esforçadamente, elas sim, merecem todo nosso carinho e atenção. Elas merecem poder investir seu suado capital em shoppings center. Isso é o que importa, o crescimento econômico a qualquer custo...

Esse "causo" me toca mais profundamente por poder acontecer aqui no nosso colo, onde a preocupação dos felizes ambientalistas se concentra em tamanho de malha... Estuário da Lagoa dos Patos!!! Ah, que bela preocupação a de buscar a sustentabilidade dos estoques, até quando vai durar? Como aumentar a qualidade de vida dos pescadores? Até quando os ambientalistas rio grandinos poderão se dar ao luxo de buscar soluções na pesca para a pesca?

Para não ficar um clima de pessimismo extremado, o que constantemente acontece comigo, enegracendo meu coração, vamos nos transportar para 1950 e imaginar esse cenário, da Baía de Guanabara, muito provavelmente não haveria grande repercussão, os pescadores insistentes seriam mais friamente silenciados e os demais teria que abaixar a cabeça, a população aplaudiria os empreendimentos e os um ou dois ambientalistas seriam ridicularizados, Macaé se repetiria eternamente. A passos lentos vamos incorporando conceitos socioambientais. A passos lentos, os multiplicadores conscientes socioambientalmente vão ganhando força, e o mundo vai, pouco a pouco se tornando melhor, mais justo.

Fontes:
<http://sisejufe.org.br/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=314&tmpl=component&format=raw&Itemid=25> páginas 30 à 36.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O lobo e o leão.

Pois é, esse assunto de capital é algo bem delicado. Eis que hoje lendo o jornalzinho local tive a oportunidade de me inteirar de um caso bastante polêmico. É o caso de Gérard Depardieu. Uh, vou tentar resumir o que entendi para podermos definir uma posição.
Inicialmente, deveríamos recordar o momento frágil pelo qual passa a Europa, do qual, devo assumir, ignoro detalhes "técnicos", mas que na minha opinião tem haver com escassez de matéria prima e consequentemente dependência de exploração dos países mais ricos em matéria-prima mas, mais fracos politicamente. Talvez seja uma visão simplista, em todo caso, temos esse quadro Europeu, que vem assolando os diversos países "desenvolvidos" do velho continente. Entra em cena uma França regida por um indivíduo com tendências, declaradamente, socialistas que busca aliviar a crise em seu país e manter a qualidade de vida equilibrada. Nesse ponto acrescento o que ouvi de um professor o qual estimo muito, que no Canadá é estipulado pelo governo uma renda mínima e uma máxima, sem mansão de 50 milhões de euros (como uma das de Depardieu). Nesse cenário o presidente Hollande anuncia um aumento na tributação dos franceses mais endinheirados (até 75% sobre os que ganharem mais de 1 milhão de euros por ano, algo em torno de 230.000 reais/mês).
Mas, estamos num mundo globalizado e capitalista. Os milionários que se acostumaram a esse padrão de vida não ficam muito felizes em dividir sua fortuna, acho que eles se sentem inclusive assaltados. Cabe aqui um argumento em defesa dessas pobres almas, e se fosse sobre a tua renda? Todos achamos que ganhamos o suficiente, embora saibamos que poderíamos ganhar menos, também sabemos que podemos ganhar mais e ter essa renda reduzida para o governo é um tanto desconfortável, a início, se não temos uma noção de coletividade e tals. E então, nossos endinheirados se mudam para a Bélgica, e quase que fundam uma cidade, na qual 27% da população é de franceses milionários fujões. Inclusive nosso excelentíssimo supracitado ator.
O primeiro ministro não ficou nada contente com a posição desse cidadão um tanto influente, e criticou severamente sua posição. Ao passo que o ator, como todo bom ator famoso, cheio de si, retrucou dizendo que ninguém que  abandonou o país foi tão criticado como ele. Ele é um cidadão do mundo, e que vai devolver seu passaporte francês.
A Bélgica, na figura de seu ministro dos negócios estrangeiros Didier Reynders, pede para que o governo francês reveja seu sistema de tributação, pois o país não quer ser taxado de bode expiatório e deixa claro o fato de não adotarem medidas que incentivem a escolha dos excêntricos milionários. E que está em estudo o caso de fornecer a cidadania para o ator. Nessa matéria ainda cita um pedido do governo francês de se realizar uma "harmonização fiscal européia" a qual o ministro é favorável, mas ressalta que não será uma medida tomada em Paris.
Well, eu iria intitular esse post como "apocalipse" hehehe, pois, como imagino ter conseguido elucidar no post anterior, é essa a minha visão de "nova era". O fato é o seguinte, doa a quem doer, e aqui eu acredito sinceramente me por no lugar das vítimas do Robin Hood, é insustentável essa desigualdade cruel e gritante da qual temos sido obrigados a compartilhar. Não entra na minha limitada cabecinha o fato de uma pessoa acumular taaantos bens sem nenhuma contrapartida social.
Os argumentos utilizados pelo ator e comprado por grande parte dos capitalistas vão ao encontro de ele contribuir muito mais estando na França e pagando os já não tão modestos impostos do que ele sair e não pagar imposto nenhum. O ator, se sentindo profundamente injustiçado, ressalta o fato de ter trabalhado desde os 14 anos, e contribuído com a assistência social da qual nunca utilizou.
Sinceramente, esses argumentos não me comovem. Podem me taxar de socialista, mas minha visão vem de uma analise de mundo sincera. Eu não consigo conceber o fato de esse ator ter essa enorme fortuna sem a menor visão ecossistêmica do mundo! Confesso que se de um momento a outro tivesse minha renda reduzida eu não agradeceria numa primeira instância. Mas, se essa redução se convertesse em justiça social, o que tanto necessitamos no nosso país, aí então eu me esforçaria para compreender e fazer parte dessa mudança, e resistiria a tentação de fugir com toda a minha "fortuna" (de mil e poucas mensais) para o país vizinho. Ainda mais, cheia de razão pagando um mico global.
Bem vindo novos tempos! Go ahead apocalipse!!! E pensar que ainda nem passamos pelo umbral do dia 21!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Considerações sobre o Fim do Mundo!

Recebi uma ligação que me deixou um pouco desconfortável, num conversa informal, meu interlocutor reascendeu a possibilidade dos "três dias de escuridão". Eu, tentando fugir das minhas obrigações rotineiras, me desviei do meu foco e fui "googlear" a cerca do tal acontecimento.

Bem, li alguns blogs, que traziam mensagens ditas do mestre Ramatis. Algo realmente perturbador, começando por escancarar o "caos" em que nos encontramos, o materialismo exacerbado, a maldade, etc. seguiam nos precavendo para catástrofes e tudo o mais.

Buenas, apesar da pressão tecno-científica de se evitar crenças, eu penso que a ciência em si é um crença, ou temos alguma certeza absoluta? Como tivemos durante séculos da geração espontânea?

Ok, então, partindo do pressuposto que eu possa crer, sem provas concretas. Eu acredito que o planeta possa mesmo estar passando por uma transição. Mas acredito que seja algo muito mais suave e menos dramático do que os tais três dias de caos, ondas gigantes, fome e suicídios generalizados. Na minha humildíssima opinião, espírita, ambientalista e acadêmica, o melhor livro de predições é "Os Limites do Crescimento".

Vou lhes descrever o apocalipse que deslumbro: os recursos renováveis e não renováveis se tornarão escassos e economicamente inviáveis, o que irá causar uma pequena perturbação no sistema capitalista, a produção de alimentos em escala local terá que ser incentivada como melhor alternativa para segurança alimentar, o que ocasionará a emancipação das localidades. Cada uma das localidades se sentirá empoderada de maneira a decidir como se autogerir, e perceberão que um sistema de competição não favorece o bem estar social, sendo assim a derradeira ruína dos conceitos capitalistas que incentivam a competição e individualismo.

Dizendo assim não parece muito apocalíptico. Mas, certamente já estamos passando por uma profunda transição, por sorte não estamos nos dando conta, e eu espero mesmo que não haja quedas bruscas de produção. Eu espero que os que gostam de dinheiro e status consigam se transformar e apreciar o novo mundo. Os sinais dessa mudança na minha opinião são latentes, MUITAS pessoas abrindo mão
espontaneamente de buscar e acumular bens materiais, cultivando hortas, desenvolvendo projetos, agroecologia, horta comunitária, ecovilas. Essas ações são menos perceptíveis em grandes centro urbanos, mas pululam pequenas cidades, como a qual tenho o privilégio de morar. Nesse novo mundo poderemos finalmente nos dar conta de que o amor importa mais do que moda, roupas, carro, luxo. Perceberemos que o prazer de viver não reside em bens materiais.

Essa é minha visão apocalíptica particular a qual divido com vocês, e a qual espero que se concretize, pois, pode ser que eu também esteja sendo dramática e o sistema atual se aprimore, como vem ocorrendo desde que eu adquiri consciência. Nesse cenário, teremos inovações tecnológicas, que possibilitarão que a produção continue aumentando sem detonar o planeta. Isso é, poluindo menos, reaproveitando matéria prima, utilizando energia renovável, etc. Seguirá havendo desigualdade social e privilegiados, os que adquirirão os produtos mais modernos e tals. E seguirão havendo excluídos socialmente, com "programas de inclusão" ligeiramente mais sofisticados e assim a de eterno.