quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Fugir da sombra

Enquanto conversávamos entre um mate e outro, ia ouvindo e falando. Ela me dizia sobre a depressão e eu contando e lembrando dos meus momentos sombrios.

Hoje, enquanto na madrugada o som da tempestade me perturbava o sono, senti medo da corda com nó de forca que me ocupava a cama, sua imagem me perseguia pela casa. Eu tenho medo dos pensamentos que posso vir a ter nos momentos de tristeza. Dos pensamentos que já tive.

Acho que tudo bem as pessoas que não querem entrar em suas próprias sombras. Dói demais. É compreensível o uso de analgésicos, jogos, tecnologia, consumo, drogas, viagem. Mas ela está lá. A zona inexplorada, evitada. E ela cresce e torna-se mais hostil e assustadora, quanto mais desconhecida.

No natal eu fui pra lá. Meu coração acelerou, eu me concentrei em respirar, em não ter uma crise de pânico. E então criei esse lugar. Jung trabalha com mandalas. É mais encorajador me ver indo ao centro do que para o fundo. Eu saí da borda, e escorreguei por uma das portas a qual me permiti abri, que eu senti a enorme necessidade de abrir, porque eu sou assim, me quero pertencer por inteira. Então estava lá, era escuro e sombrio, era frio. Minhas amigas me deram uma canoa, um remo e um lampiãozinho. Seria bem mais sofrido sem esse apoio. Eu estive lá, conhecendo minha zona sombria, tendo consciência de sua dimensão. Tentei remar para o centro, onde acredito estar a luz essencial, o Eu verdadeiro, mas haviam alguns monstros que eu não me senti preparada para encarar. Me perdi, e remei assustada procurando pela borda.

Estou aqui, agora, na conhecida e iluminada borda. Mas eu sei que tem um centro desconhecido, ainda mais iluminado, com uma luz pura, mas pra chegar até ele tem muito lodo e alguns monstros.

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