segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Universos paralelos


Cada ser humano é um universo particular. Ainda temos a infeliz mania de sempre nos comparamos com os outros, isso machuca e não faz o menor sentido. Costumamos traçar uma média, baseada no resultado dos outros e nos esforçamos para ficar acima dela. Entretanto, como será possível fazer comparações com coisas tão complexamente distintas como dois seres humanos? Cada um tem suas experiências de vida, seus princípios, seus defeitos e qualidades, as variáveis são infinitas, pois trazemos as peculiaridades de nossos ancestrais, e daí por diante... a complexidade só aumenta.
Um amigo estava muito chateado esses dias, bem quando esses pensamentos de peculiaridade humana me ocorreram, é sempre assim, uma idéia se instala na minha cabeça e logo, posso notá-la na prática. Nós falávamos de pessoas sem mérito, apenas oportunistas, que se dão bem. Ele, chateado, afirmava ser estudioso e aplicado e não ter a oportunidade que esse tal “puxa-saco” tinha. E eu perguntei:
- Mas, você se sentiria feliz no lugar dele?
Não, claro que não. Meu amigo gosta de estudar, e jamais gostaria de fazer nada que não estivesse preparado ou conquistado por mérito. Ele, provavelmente, prefere estudar a vida toda, ganhando pouco, a se aproveitar de uma situação. E nós sabemos, que é mais feliz quem é sincero consigo próprio.

Não temos condições de julgar os outros, não podemos dizer que tal atitude é errada e aquela pessoa não deveria fazer aquilo. No máximo podemos observar e pensar, isso que esse sujeito faz é contra os meus princípios e eu jamais farei o mesmo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mesquinhez!

Nessa segunda-feira no estudo espírita nosso instrutor causou polêmica:
- Todo ser humano é mesquinho, os motivos que nos movem são extremamente egoístas.
Bem, é óbvio que por mais que saibamos o quanto estamos longe da perfeição, todos nos esforçamos pra fazermos o melhor possível e não gostamos de ouvir que somos mesquinhos.
Diante de tanto contestamento ele continuou:
- Vocês estão aqui por se preocuparem com a vida após a morte, não querem sofrer, e temem por isso, pelo bem estar próprio.
Bom, eu fiquei muito feliz pois não foi por isso que busquei um centro espírita. Uma colega, muito contrariada falou com um tom de revolta:
- Então muito melhor ser ateu, eu conheço ateus que fazem bondade e não é pensando na outra vida.
Ele respondeu que ateus não aceitam algo que esteja acima deles, eu não acho isso bem verdade. E como ele insitia em afirmar que todo motivo é mesquinho, sai da minha zona de conforto e comecei me questionar onde estaria minha mesquinhez.
Bem, eu não busquei um centro espirita aspirando vantagens extraterrenas, pra mim minha morte está tão distante que não consigo me planejar tanto assim. Mas, tão pouco fui esperando ajudar as pessoas e fazer caridade. Eu fui por sentir uma inquietação insuportável, aí reside minha mesquinhez, só me preocupo comigo antes de tomar qualquer atitude. Não me orgulho disso, mas reconheço a dificuldade em alterar esse quadro.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Os dedos são das mãos.


Deixar os dedos dançarem no teclado, e ver no que dá, assistir de longe o duelo entre pensamento e mãos, como se nenhum deles me pertencesse.
Eu sei que no final o eu, crítica demais, vai achar que o resultado não foi satisfatório. Como nada que flui sem sua fiscalização autoritária pudesse ser bom o bastante, pudesse não ser vergonhoso.
Os dedos dançantes param, como se vigiados pelo fiscal alerta. O fiscal pergunta se eles tem algo a dizer, eles questionam se isso é mesmo necessário, se só se pode se dizer quando há algo a ser dito. A discussão pára numa nova pausa.

Os dedos se sentem impelidos a parar, como se dançar por dançar, sem um fim específico, fosse um crime. Como se a música se fizesse necessária, como se só o sentimento não bastasse.

E ao final, novamente o autoritário eu bloqueia qualquer lapso de espontaneidade, deixando os dedos bobos apenas a espera de novas ordens a serem categoricamente cumpridas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Poça e o Céu.



a poça na rua se esforçava para refletir o melhor possível
o que estava acima dela.
conseguia exibir um céu prateado.
mas, por mais lindo que fosse esse reflexo,
ele escondia a esforçada poça.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sob o espesso véu da ignorância



Meu estágio no porto está se mostrando uma experiência absolutamente fantástica, posso ver onde e como realmente me encaixo no mercado de trabalho. Há uma luz no fim do túnel, oceanólogos não precisam necessariamente se matar por uma vaga de professor-pesquisador, há vida, pra nós além da academia.

E essa semana está rolando vistoria da anvisa... Bom, desde a semana passada está a maior correria. Tem uma regulamentação que, acreditem, exige que os latões de lixo exibam a descrição: "grupo D". Sim, ninguém, além deles mesmos (não garanto que todos) sabem o que quer dizer "grupo D", mas é isso que eles exigem. Não cobram que se recicle, ou diminua, ou reutilize, nem nada disso, precisa estar escrito grupo D, esse tipo de resíduo também já recebeu o nome de "classe 2" pela ABNT e "grupo 3", se não me engano, em uma conama...
Enfim, após pintarmos todos os latões do porto eles vieram. E minha chefe me pediu para que acompanhasse o passeio. Meu Deus, logo no primeiro pico que entramos minha barriga começou a doer, parecia ter levado um soco. Era o A8, um armazém de uma operadora, uma empresa privada chamada Serra Morena. Um lugar escuro e mofado, com piso irregular, alguns armários velhos que não dava conta das coisas de todos os trabalhadores. Parecia um barraco de favela.
Em outro armazem, que estava em obras, numa cozinha-refeitório improvisada a comida era aquecida em uma "chocadeira", sim uma caixa com tábuas velhas e sujas com lâmpadas, as comidas eram postas lá de manhã e no almoço estavam quentinhas...
Na oficina a situação era outra, a geladeira ficava no banheiro!

O mais interessante é que frente a indignação da vistoriadora as pessoas ficavam bobas, alguns se ofendiam. Eles não conseguiam entender a oportunidade, a ajuda que essa moça podia dar. Não conseguiam perceber o quanto de dignidade faltava no ambiente de trabalho deles... E mesmo um colega que eu julgava esclarecido, começou a ficar de bico. Ele dizia "Essa mulher está louca, quanta arrogância, prepotência..." E eu tentava (sou péssima nisso) argumentar "Mas, ela está certa, tem que mudar, a condição de trabalho onde mais se gera renda nessa cidade tem que melhorar." "Não vai mudar, eu estou aqui a 30 anos, é não é ela que vai mudar, eu vou entrar no meu e-mail fantasma e mandar um recado pra Brasília, pra acalmarem ela".

Hoje na aula meu professor estava falando dos filtros que todos temos sobre nossa visão de mundo. No saco da mangueira, uma das regiões mais podres da cidade, existe o hábito de se aterrar com lixo e armar o barraco encima. Em uma aula ele foi conversar com uma mulher que morava nessas condições: "A senhora tem alguma queixa, quanto a situação em que vive?" "Imagina, eu estou ótima, tem gente muito pior. Sabe que antes eu tinha que andar 4 km pra pegar água limpa, agora tem esse cano que passa em frente a minha casa!". "Essa mulher acorda pensando no que vai comer, pra sobreviver a mais aquele dia. Nós, favorecidos, podemos pensar na origem do universo, condições sub-atomicas, etc... Se ela tivesse a mesma visão de mundo que nós, já teria se matado." Dizia ele na aula de hoje.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Catástrofe geral


Ontem foi um dia cheio, acordei cedo, tomei o café da manhã com meus pais, arrumei as malas (com muitos palpites da minha mãe "Leva esse xarope pra tosse, é ótimo"), ajudei no almoço. Comemos juntos, ajudei com a louça e fui ao aeroporto. Uma hora de espera, duas de voo, pega van, passarela, trem, chega na rodoviária, mais uma hora de espera e 5 de ônibus, sabendo que amanhã o despertador toca às 7, para estágio, monografia e aula até às 18:50...
A parte boa é ser apanhada do ônibus, pelo namorado e cachorros amados! Chegar em casa com o jantar pronto, especialmente para mim.

Bom, acontece que sou especialmente noiada com minhas horas de sono, tenho verdadeiro pavor de ficar cansada ou com dor de cabeça, então na primeira oportunidade que tive pulei na cama.
Mas o Bizzi, que não tem essa noia toda me perguntou da luminária (eu nem sequer pensei em desfazer as malas). "Está na mala preta". "Ué, porque ela está com óleo?", comecei a desenvolver esse enigma mentalmente enquanto ele achava que eu grosseiramente estava querendo dormir. "Putaqueopariu o xarope!" levantei correndo enquanto gritava muito aborrecida "o vestido, o vestido". Ele, sem entender muito bem foi atrás de mim. Peguei o vestido, que uma cunhada (com quem tenho uma relação delicada por nossas diferenças, uma vez que ela se preocupa com as coisas dela(!) havia me emprestado, e comecei a molha-lo na pia, muito puta temendo ter manchado o vestido lindo que não era meu e que pretendo usar na formatura. "Bom, sorte que eu vi agora" ele tentava ver as coisas positivamente. Depois de umas enxaguadas, voltei a mala tirar o maldito xarope, quando vejo livros melecados. "Os livros" berro ainda mais aborrecida, como se fosse possível, pego-os, quase chorando e tento limpar as capas. "Mas, que xarope é esse?" "De tosse, minha mãe me deu." "E você tá com tosse?", resmungo qualquer coisa e continuo incontrolavelmente alimentando minha raiva. "Nossa, vc não sabe o estado do seu sapatinho de camurça". Acabo a tentativa de limpar as capas, um pouco mais aliviada pelo conteúdo dos livros estar acessível, mas ainda muito puta pelo vestido, e me enfio na cama. "Você num vai nem ver o sapatinho?" "Ah meu, que se f@$#" "Puxa, é o presente que minha mãe te deu...".

Agora, sinceramente, e daí se a porra do vestido pegar fogo?! O que aconteceria? "Puxa Ju, foi mal, posso te comprar outro vestido, algo que substitua? Por favor, jamais me empreste naaaada nessa vida." E bem, teria que comprar outra coisa pra por na formatura... nada demais.
Mas porque, por favor, poruqe é que eu fiquei tão descontrolada, tomada de raiva e desespero, como e o vestido fosse um filho recém-nascido que eu tivesse deixado cair do colo... e se fosse o filho, também não deveria haver desespero, fatalidade... onde foi parar toda minha filosofia zen, meus estudos espíritas, meu yoga, por um vestido com melado que eu nem sequer sei se manchou de fato. É assustador ser humano, incapaz de controlar os próprios sentimentos e pensamentos, e até palavras e ações...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quilombo

Aqui no RS tem muitas comunidades alemãs, eu conheço uma loiríssima, alta, longilínea, clarinha de olhos azuis, que tem muito orgulho de ser "pomerana".
Sim, tem comunidades em que nem se fala português, apenas, pomerano!
As crianças só aprendem o português na escola.

Escola essa na qual uma outra amiga minha está atuando. Essa amiga, por sua vez é morena, morena, não, negra, como ela faz questão de repetir!
Essa escola, Keith, tem 60% de alunos pomeranos e 40% negros - me dizia ela enquanto caminhávamos pela cidade - Antes haviam 2 escolas, uma só para os pomeranos e outra para os negros do quilombo, mas com a política de acabar com as escolas rurais precisou-se fechar uma. Acho que é desnecessário dizer qual foi fechada, não é mesmo?!

Ela disse que está tendo muito conflito entre os alunos, e ela e mais 4 colegas do mestrado, loiras e lindas, estão trabalhando essa questão, entretanto os alunos negros só falam com ela. Os negros são quase invisíveis para os pomeranos, que mantém uma cultura muito fechada, são muito tradicionalista.

Os negro por sua vez, não tem uma cultura própria, o quilombo começou com escravos fugitivos, eles procuraram locais onde não houvesse ninguém, ou seja, terras pobres. Nas senzalas eram "amontoados" juntos, e é fácil imaginar que os senhores não curtiam muito quando começava a se formar uma família, a mãe era logo afastada do filho, sim, o amor fortalece, uma mãe faz de tudo por seu filho querido, um homem por sua amada... e força e união não era exatamente o que os "senhores" esperavam dos seus escravos. Ainda hoje, nessa comunidade quilombina, que só recebeu água e luz ano passado, não há o conceito de família. Ainda hoje, eles mesmos não conseguem se reconhecer como iguais entre os pomeranos, pra quem seus pais, ainda que "livres" continuam trabalhando na terra, produtiva.

E os pomeranos seguem, com bochecha rosada, orgulhosos por manterem sua mesma cultura por tantos e tantos anos praticamente inalterada.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Antidoping

Eu me esforço pra entender a sociedade em que vivo, analiso até que com muita boa vontade, mas sinceramente, é muito difícil e não faz sentido pra mim. Por favor me ajudem.
Como pode na mesma semana sair uma notícia dizendo que uma das melhores vozes da atualidade (Amy Winehouse) morreu aos 27 anos, muito provavelmente (nunca ninguém afirma isso categoricamente) pelo histórico e conhecido abuso de drogas. E na mesma semana outra notícia sobre o bom desempenho do nadador Cesar Cielo, após ter sido absolvido na suspeita de doping.
Pois bem, quer dizer que dos nossos atletas cuidamos bem, nos preocupamos com rigorosíssimos exames antidoping. Ou tá bom, o mundo não é tão colorido assim, não aceitamos que um atleta supere o outro com o uso de qualquer substância química. Queremos, fazemos absoluta questão de ver o atleta integro, de ver o ser humano se superando a cada geração. Conhecer ídolos, naturalmente, mais capazes que outros, pela genética, treino e principalmente disciplina! Ah, o mundo dos esportes.
Mas, logo ali, virando a esquina tem outro mundo. O mundo artístico, e nesse a visão é outra. Liberdade artística. Bem, aqui, não nos incomoda muito o que o cara fez pra ter Aquela idéia, ou compor Aquela música. Tudo bem, se ele deixou um caretão, sem grandes capacidades de abstração pra trás. Aliás aqui o caretão nem tem muita chance, quem bota fé em artista careta? E tudo bem, se ele usa de outros atributos, além da genética e esforço físico, pra ficar pilhado cantando horas. Também não nos incomodamos com o que aquela top faz pra se manter tão esbelta. O que importa é que queremos beleza, pra ver curvas eu me vejo no espelho. Num anuncio quero a mínima porcentagem de gordura necessária para se viver.
Não, eu não consigo entender, alguém que se diz fã sugar uma dependente de drogas, sem um pinguinho de preocupação, querendo mais músicas, mais fotos, mais fatos e depois levar flores na frente da casa dela. Sem se questionar seu papel, se lamenta por mais uma “fatalidade”.

Vaidade

Uma coisa é certa, o egoismo e a vaidade são grandes vilões que merecem ser combatidos, sim, numa guerra interna diariamente. Porém, algumas pessoas atrapalham, inflando nossos defeitos com elogios descabidos.
Pois que ontem, eu estava na cozinha da divisão pegando um café, quando me deparo com a minha chefe meio assustada olhando pra mim.
- O que é? O que foi?
- Ah... não, é que eu estava vendo... bem, o seu...
- O que?
- O seu cabelo, o que é que vc tentou fazer com o seu cabelo?
Bem, antes que me imaginem com o cabelo azul ou raspadinho, eu já adianto, ele está normal, como sempre esteve com meus cortes caseiros. Mas pra algumas pessoas, as bem observadoras e detalhistas, parece que há uma mexa central mais curta... Segundo ela.

E hoje...
- Keith, o que é isso? Vc tem irmã mais nova?
- Não, pq?
- Quem foi que pintou suas unhas?

hauhuahuahuah... bom, não é exatamente fácil ser uma pessoa um bocado descoordenada, mas é bem legal ser uma pessoa diferente e divertida.
Aliás, o cabelo do Coraçãozinho ficou lindo!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Não se ofenda

Tem muitas coisas que dependem de nós. E eu andei pensando muito nisso, ainda mais com essa história de se formar e fazer parte da comissão e tals. Eu percebo que as pessoas se chateiam muito umas com as outras, e de quem é a culpa?

Acredito no seguinte: nós somos os únicos, verdadeiramente, responsáveis pelo que sentimos. Até podemos tentar por a culpa em terceiros, mas isso nunca cola. Veja só, é impossível alguém te ofender sem que você se ofenda! Sim, podem falar ou fazer qualquer coisa, mas se não tivermos o egoismo para nos sentirmos ofendidos, não nos sentiremos. Ao contrário, podemos estar com o ego tão nas alturas que qualquer coisa que nos disserem interpretaremos como uma grave ofensa sem perdão...

domingo, 10 de julho de 2011

Macumba Caipira.

Engraçado como acontece tantas coisas no interior que nos perguntamos se caipiras são mentirosos ou loucos. Minha mãe me contou um caso, uma história que aconteceu com o pai dela e ela foi espectadora em primeira pessoa. Ela me disse mais ou menos o seguinte:

- Meu pai não acreditava em nada, dessas coisas de macumba. Então, um dia ele estava indo a feira e se deparou com um macumba, o cavalo freou e não queria passar mas de jeito nenhum. Meu pai ficou bravo, tentou de todo jeito fazer o cavalo passar e nada, ele desceu do cavalo, deu um pontapé e mandou macumba pra tudo quanto era lado. e passou com o cavalo.
Passado um tempo, começou a reclamar de dor na perna, não conseguia mais andar, mal apoiava no chão. Foi ao médico e teve que engessa-la. Poucos dias com o gesso e passou a alegar que coçava e doía demais. Minha mãe que não sabia bem o que fazer, resolveu por tirar o gesso, quando ela tirou... tinha um mooonte de bichinho comendo a perna dele!

E essa é apenas uma, entre as tantas histórias que tem essa família.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Soluções que se tornam problemas...

Ser humano é algo realmente muito curioso!
É muito comum vermos denuncia de pessoas que vendem bens públicos e levam vantagens, isso é algo terrivelmente triste. E o MPF não dá muita brecha, está sempre encima de qualquer transação que possa vir a gerar benefícios pessoais sobre bens públicos.
Pois bem. Nas minhas andanças pelos cais do porto, onde faço o estágio obrigatório, sempre reparei na enoooorme quantidade de sucata espalhada pelo pátio, são antigas máquinas que jazem sob as intempéries, ao relento na beira da lagoa nada dura muito.
Eis que ontem, em busca do número e distribuição de lixeiras no porto, para completar o PGRS, descubro o motivo.
Com medo de ser processado por interesses pessoais ninguém mais tá afim de vender nada público, e a "coisa" fica se deteriorando até alguém abraçar a causa e ser processado por outro alguém que quer ganhar votos na próxima eleição.

domingo, 3 de julho de 2011

Sinceridade vs Orgulho


É engraçado como somos vítimas de nós mesmos... Por mais que ergamos a bandeira da sinceridade, nosso orgulho sempre estará a espreita, nos armando armadilhas ardilosas.
Eu não sei o porque disso, mas a qualquer ameça nosso cérebro bloqueia o tal ideal de sinceridade e o orgulho começa a agir, sussurrar "omitir não é mentir".

E assim vamos, com o pequeno deslise na nossa consciência, como um caroço de azeitona. O pior é que sabemos que há algo de muito errado nisso tudo, mas fantasiamos desfechos catastróficos, e achando que jamais possamos falar a verdade, vamos carregando no nosso peito uma fumaça negra.

Entretanto, o destino é gentil, nas maioria dos casos. E aquela conversa vem a tona, ou pq não podemos mais, e percebemos que não podemos, seguir em frente (isso para os de boa moral) ou por forças externas... e como mentir não é omitir, nosso segredo sai pra fora, e aí então, não é mais um conflito interno, passa a depender dos outros, como vão reagir?!

Bem, eu acredito que mesmo que seja um fracasso e vc esteja certo do quão horroroso foi seu segredo e sua vida social seja destruída, ainda sim, valeu a pena! A reconquista da pura sinceridade. E acho que na maioria dos casos, o que julgamos algo imperdoável e absurdo, na verdade pode ser visto por quem realmente nos ama como um pequeno deslize, tipo o que todo ser humano está apto a cometer.
A compreensão da cumplicidade.

domingo, 19 de junho de 2011

Foto embaraçosa

Umas semanas atrás meu pai me disse:
- Keith, descobri um primo nosso na França, ele é muito legal e receptivo, adiciona ele aí no seu e-mail.
Oba, claro que sim! E começamos a trocar e-mails. Ele achou meu pai por site de família, e me pediu para que adicionasse fotos no site.
Sem problemas, peguei o HD onde guardamos todas as fotos e comecei minha busca, a primeira pasta que abri foi a das férias que passamos em Angra, aaah irresistível não escolher nenhuma, a paisagem é tão linda, não teria como não escolher pelo menos umas 3!
E bom, fiz upload das imagens e fiquei muito feliz...
Mandei um e-mail pro primo, dizendo que as imagens já estavam lá!
É ótimo, pois nunca nos vimos, e assim, poderemos saber quem somos na reunião da família dia 6 de agosto, e pensando nisso decidi fuçar as fotos dele, mesmo para conhecer melhor a mulher e filhos dele, ela é árabe...

Entro no site, e ah, que legal, a mulher com muitos panos, e a família dela, bem... séria, e claro, todos com roupa, e são, obviamente fotos de família, por assim dizer... e começou a dar uma fisgadinha no meu estômago... continuei vendo as fotos e... putz, vi as minhas... eu estava, semi nua... meu coração começou a bater mais forte.
Pensei: - Ai senhor, eu tenho que apagar isso...
E procura que procura, clica que clica, naaada da opção “deletar imagem”... e a vergonha dominava geral, o coração podia ser sentido na garganta, começou a subir um calor... imaginei, a mulher dele descontrolada vendo aquilo, AREBABA...
fecho o site, abro de novo e nada... Ah não, me sinto afundando num poço de lama.
Como se pra me torturar de tamanha falta de noção ponho na opção visualizar por slides, na esperança de que só mostre minha cara.
A situação fica pior, a imagem começa justamente de um close, digamos, o mais indiscreto possível... aaaaaah não... to perdida, na rua da amargura...
penso em deletar meu e-mail e não ir a reunião coisíssima nenhuma.
Ponho no google apagar fotos no my heritage, e nada...
Pergunto pro Bizzi, que por sorte fica online, onde apago uma foto no my heritage????
-My, o que? Nunca entrei nesse site...
Ai, ai, ai... explico quase morrendo a situação pra ele que começa a rir descontroladamente imaginando a confusão causada nas arábias... pelos primos brasileiros...
Bom, fico um pouco mais relaxada... não esperava que ele fosse rir... imaginei na verdade algo relacionado com pedras e coisas assim.
No fim das contas, talvez por ter relaxado um pouco entro no help e sei lá eu como consigo apagar as fotos...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

400 Cópias!

Na última reunião da empresa júnior da qual faço parte (ECOSERVICE) levantou-se a seguinte questão:
- O caderno de Controle de Presença acabou, temos que fazer outro.
- Eu já imprimi um folha, o próximo que for no horário de permanência xeroca!
Imediatamente consultei minha agenda mental e não pude deixar de constatar:
- Sou eu! Quantas cópias faço?
- Ah, faz muitas, pra gente não ter mais que se preocupar com isso, faz umas 400, pelo menos!
Ok. Chega segunda e muito contente por fazer alguma atividade externa, vou à Max Cópias com a idéia fixa de fazer 400 cópias:
- Oi, bom dia! Tudo bem? Apesar do frio, não?! Depois de ouvir as respostas faço meu pedido.
- Puxa é bastante cópia! Diz ele com um sorriso radiante, enquanto programa uma gigante máquina.
E eu, como fico a toa, me ponho a pensar: É, realmente, 400 cópias é bastante coisa... Nesse instante, surge na minha mente a imagem de um livro com 400 páginas, páginas não, FOLHAS!
- MOÇO!
Grito quase que inconscientemente, enquanto a caixola continua raciocinando: cada folha contempla a presença de uma semana; um ano tem (12 x 4) 48 semanas, tirando os (dez, jan, fev, jul) 4 meses de férias ficamos com (48 – (4 x 4)) 32 semanas úteis!
- Moço, por favor, tem como cancelar o pedido?
100 folhas nos dão mais de 3 anos de presença controlada, 400 folhas seriam pelo menos, 12 anos!!! Mal posso imaginar o mundo em 2023, muitos dizem que ele haverá acabado bem antes disso...
Por sorte, conseguiu-se parar a máquina com apenas 200 cópias, apenas 6 anos de controle.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pizzaria Cassino


Desde de domingo (08/05) o Thiago queria porque queria ir à pizzaria.
É dia das mães, vamos levar sua mãe, eles nunca saem, vai ser legal, é gostoso etc... dizia ele.
Acontece que quem sai às 7 da manhã viaja 250Km de ida, e o mesmo na volta, pra fazer compras no Chui, e naturalmente já não é muito chegado em comer fora, não se anima em sair.
- E aí, vamos?!
- Pelo amor de Deus Thiago, você tá é louco! - respondeu a dona Lídia, já com uma cenoura na mão pra preparar a sopa de "tudo o que tiver na geladeira".
Notadamente chateado ele resmungou pra mim: no seu aniversário a gente vai...
Claro que sim!!!
Acontece que chegado o dia do aniversário, quando voltamos pra casa havia uma cozinha sem sopa e com alguns salgadinhos e lanches enfeitando a mesa!
Ainda daria pra irmos a pizzaria, se não chegassem os amigos que de fato acataram o meu "cola lá em casa comer um bolo", sorte que tinha o bolo, pois eu achava que num ia ninguém!
Bom, não tão chateado dessa vez ele continuou aguado...
Foi quando na 4ª eu pensei, "não terá jantar em casa", e propus, Bizzi (abreviação de bizulego) vamos a pizzaria hoje!
Ah que legal, vamos sim!
Ok, mas como a diferença da média pra grande é tão pequena vamos pedir a grande e garantir o café da manhã, ou ainda o jantar do Mauro.
Feito! Come, paga, leva... blza...
Chegando em casa como sempre, é aquela festa, os cachorros se abanam e como era meu aniversário (pelo menos terça tinha sido) o thiago que abriu o portão, e deixou a porta do carro aberta, é claro que o Gurila e o Jacques vieram me dar "olá", eles me amam!
Bem, o tempo de por o carro pra dentro, gira em torno de 30 segundos... e muito melhor por carro e cachorro de carona, acontece que na hora de sair da carona ninguém se manifestou...
Como estava escuro o Thiago teve que chegar mais perto do banco de trás antes de gritar:
-Aaaah, mas que caralho, Gurila...
Foi quando ele tirou um caroço de azeitona e tacou na cabeça do Gurila que eu entendi o que havia acontecido...
hahahahhahahha
Eles devoraram 1/2 pizza em 0,5 minuto! e o pior, no banco de trás do carro!!!
O bom foi que eles não vomitaram no meio da noite como se previa....

sábado, 7 de maio de 2011

Graus de Consciência

"Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultâneamente. Temos apenas um que, porém se divide em três regiões distintas. Tome-lo como se fosse um castelo de três andares: no primeiro situamos a "residência de nossos impulsos automáticos", simbolizando o sumário vivo dos impulsos realizados; no segundo localizamos o "domicílio das conquistas atuais", onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos "a casa das noções superiores", indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e meta superior a ser alcançada. Distribuímos, desse modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro."

Do livro: No Mundo Maior
de Francisco C. Xavier.
ditado por André Luiz

domingo, 17 de abril de 2011

Coragem


Faz algum tempo que eu venho pensando, prestando atenção, esperando um tópico bom o bastante pra ser postado no blog! E como uma coisa leva a outra...
Na sexta, meu namorado perguntou se eu poderia espera-lo fazer natação depois da facul. Claro, que sim! Entretanto, não havia levado o material de leitura para monografia, bom, não tive dúvidas, dei uma passada na biblioteca, e entre um e outro escolhi "Breve Romance de Sonho" de Arthur Schnitzler (sim, o que inspirou o filme "De Olhos Bem Fechados").
Bem, pra resumir a história, Fridolin fica com ciúme, de algumas confissões da mulher, e sente-se desconfortável em voltar pra casa. Em algumas passagens ele utiliza os termos coragem e covardia. Ele se questiona se foi covardia não brigar com um jovem que esbarrou e riu dele. Se foi covardia ter belas jovens ao seu alcance e não trair sua mulher, mesmo louco de ciúme.
O que eu penso é que pra mim é mto óbvia a resposta, agora. Não, precisa ter coragem pra se atracar numa briga, ou pra desfrutar prazeres carnais. Precisa de coragem para engolir uma ofensa, em nome da paz.
Claro, eu não pensei sempre assim, foi um processo interessante essa minha mudança de conceito.
Alguns anos atrás assisti com meu namorado e um grupo de amigos ao filme "Crash - No Limite" (muito bom por sinal) e em certo momento do filme, um policial pára um casal e pede pra que eles desçam do carro e começa a passar a mão na mulher, o marido não reage e eles vão embora.
Foi uma polêmica, uns, como eu, ficaram com muita raiva do marido, onde é que já se viu deixar aquilo acontecer a própria mulher, ser ofendida e humilhada.
Eu precisei de ficar uma noite em claro pra entender o ponto de vista do meu namorado:
O marido precisou de muito mais coragem pra (não aceitar, mas) não reagir, e ele o fez em nome do amor que nutria pela esposa, qualquer reação e ele poderia ser preso, ou agredido, ou morto, ou inclusive ela poderia sofrer mais.
Não sei se consegui me expressar, mas acredito que às vezes nosso conceito de coragem é imposto e se não questionarmos teremos um valor da vida deturpado.

sábado, 5 de março de 2011

Bolacha Integral



Café da manhã de fim de semana é tudo de bom, pode durar hoooras, dá pra ser feito no alpendre, com calma e dá pra pensar!

Foi num desses, comendo um pacote de bolacha integral que tive um pensamento bem inspirador. Bem, o maior ponto de discórdia entre meu namorado e eu é: comportamento humano! Eu acho que o mundo é rosa e que todas as pessoas são boas ou, se esforçam para isso. Ele, por sua vez acha que são todos interesseiros, falsos e maldosos, e que “bonzinho só se fode”. Bom, onde ele inclui a si próprio e a mim, eu ainda não sei, talvez seja no limbo!

O fato é que passo cada minuto procurando um bom argumento para convencê-lo. E eis que hj eu reparei em um que a muito passava desapercebido. É a bolacha integral. Veja se concorda comigo:

Há alguns anos atrás, tipo 50, acho que as pessoas deviam ter nojo de comer grãos e biscoitos integrais em geral, bem, comida de pássaro. E então, o tempo foi passando. Não sei bem porque, alguém se decidiu em pesquisar grãos e sementes, e começou a brotar a idéia de que isso poderia fazer bem a saúde. E começou, tb não sei bem porque, surgir a necessidade de se cuidar da saúde. As pessoas passaram a ter essa preocupação, buscaram e confiaram em opiniões cientificas, e passaram a buscar alimentos integrais!

Isso, mudou o mundo! Sim, mudou o comércio, que começou a olhar pra essa procura, como uma forma de ganhar dinheiro, sim, mas as pessoas, com um interesse bom, tiveram o poder de mudar a Nestlé que faz minha bolachinha de embalagem fosca.
Ok, isso nos mostra muitos fatores positivos acerca do sentimento humano e do
caminho da humanidade!

Primeiro: as pessoas mudam, para melhor! Sim, elas tiveram o discernimento de optar por alimentos menos prazerosos, e mais saudáveis, passaram a respeitar seus corpos, abdicar da “vida louca”.

Segundo: apesar de não parecer NÓS, mandamos na economia e no comércio e não somos simplesmente marionetes do marketing!

Claro, muitas questões ainda estão em aberto. Podes argumentar que o motivo da pesquisa foram fazendeiros que queriam lucrar com um produto fácil de cultivar. E que as pessoas aderiram aos tais alimentos saudáveis para terem corpos esculturais, numa cultura vazia e materialista. Mas, bem, é tudo questão de ponto de vista.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Deus.


Eis um tema delicado, que eu muito preferiria deixar apenas para minha caixola... Entretanto, fiquei sabendo da história de um rapaz: ele foi criado como católico e achava um absurdo as pessoas não acreditarem em Deus, acontece que ele cresceu, passou por experiências que todos passamos, começou a trabalhar e não pensou mais no assunto, até que sua mãe apresentou um câncer. Bom, essa é uma doença de fato muito da desagradável, tanto que o fez desacreditar em Deus, afinal uma mulher tão boa quanto a sua própria mãe não poderia passar por aquilo.

Tá, na hora eu pensei, faz sentido, ele pensou, minha mãe é boa e não é justo que passe por isso, ou Deus não é justo ou Ele não existe. Tudo bem coitado, acho que essa revolta interna e silenciosa deve acontecer com muitas pessoas... Mas aquilo ficou em mim, algo estava errado, tinha de estar, e eu fiquei remoendo a situação.

Ei, espera aí... o cara era católico, ele conhecia a história de Jesus e mesmo assim acreditava num Deus justo, então quer dizer que o filho de Deus, exemplo máximo de ser humano pode sofrer horrores que tudo bem, mas a mãezinha dele, aí não... interessante...

Isso sem contar que nos muitos livros espíritas que li a doença pode ter várias causas, e aparentemente nenhuma delas é injusta ou descabida. É óbvio que passar por uma provação dessa não deve ser nada fácil, mas temos que enfrentar os problemas com resignação.

Eu pensei ainda, se você fosse Deus, seja lá Isso o que for, e você quisesse ensinar a uma pessoa a virtude da paciência, por um acaso você a colocaria num mosteiro isolado nas montanhas indianas? Onde ela jamais teria a oportunidade de usar de sua paciência? Ou colocarias ela no centro de São Paulo como atendente do SUS, ou como ouvinte de reclamações no telemarketing?

Sei lá, prefiro pensar que estamos aqui para aprender e evoluir, e todo problema é uma oportunidade de praticar nosso aprendizado.