sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O despertar enquanto morte

 Sonhos recentes me marcaram profundamente. Eu simplesmente inventei lugares e estive neles. Em várias noites, foram lugares diferentes. Muito lindos, algo que não existe. Algo que criei e fui com meu corpo, digo, a consciência do meu corpo. A sensação da água, a paisagem. Em um havia uma montanha de pedra com um buraco circular que a atravessava e por dentro desse buraco uma lagoa com água extremamente cristalina. Aconteceu ao longo de minha experiência acordada várias situações assim, alguém sabe de algum lugar e vamos juntos procurar e chegamos à uma paisagem fabulosa. São vivências que me impactaram e impactam profundamente. E talvez por isso levo a reconstrução de tais vivências para os sonhos. 

Acontece que o sonho não dura por quanto a gente quer. E nem existe um sair consciente dele. A gente não escolhe, não estipula. "Olha, às cinco precisamos ir embora que tenho compromisso". Não existe um processo de retorno. Recolher as coisas, por a roupa, calçar o tênis, esperar o ônibus. Não nada disso. A gente está lá, impressionada com a paisagem, e então BAM. Já não existe mais, nem paisagem, nem a sensação, a ideia do corpo no lugar. Nada mais. E o pior, um lugar único, que jamais poderemos voltar com exata precisão. Sem fotos. Ruptura tão drástica como a morte. Com a diferença que em casos de sorte trazemos a memória do que foi a criação inconsciente. Em outros casos nada, um absoluto vazio, como se a mente não tivesse elaborado qualquer criação inconsciente. Percebo curiosa que sonho mais quando passo o dia em água na natureza. Talvez por levar para o sono um corpo relaxado. Que não teme enquanto corpo o selvagem e a morte.