quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sustentabilidade ambiental não existe sem justiça social

Venho pensando no meu blog, e como deve ser difícil para alguém segui-lo. Ora trato de questões ambientais, ora sociais, ora pessoais num vagar sem fim buscando sentido nisso tudo. Pensei em criar 7 blogs, um para cada coisa. Mas, como separar assuntos naturalmente integrados? Existe algum ambientalista que se preze negando que política e economia são fatores chaves que culminaram na atual crise ambiental? Não há como destrinchar a realidade e analisar os fatos pautado unicamente sob ponto de vista que nos interessa e do qual temos algum conhecimento, para assim podermos falar com propriedade e segurança.
Essa mania positivista (ou seria cartesiana) de separar para estudar ajudou, mas não se justifica mais. Hoje temos acesso a informação, e o melhor, informação compreensível e de qualidade. O que torna inaceitável o fato de alguém se alienar em seu estudo sem tempo de integra-lo à uma realidade mais complexa.
Notarmos que a extração de recursos está chegando (ou em alguns casos já passou) do seu limite nos faz questionar o que proporcionou isso. Porque cientistas da pesca alegam o eminente colapso de diversos estoques? Como e porque chegamos nesse ponto? Não tem sentido se focar apenas no estoque, o quanto reproduz, o papel trófico, qual a biomassa disponível para o outro nível... Essas informações são importantes, mas devem estar integradas com a política, que historicamente vinha fornecendo subsídios para aumentar a produção. E normalmente, desprendida da questão social, favorece a pesca industrial concentradora de renda, mas que deixa bonito o número referente a exportação. Para complicar ainda mais, as ONGs ambientalistas gritam "salvem as baleias".
Estudar a questão ambiental desprendida da social pode trazer graves consequências. Acho que esse ponto, que vivemos agora é de extrema importância para ditar o futuro da humanidade. Pelo pouco que li na matéria de educação ambiental podemos dividir o movimento ambientalista em diversas linhas, mas para mim parece ser possível distingui-lo em duas. Uma que visa solucionar problemas pontuais. Como produzir de maneira mais limpa, consumindo menos matéria-prima, menos energia, gerando menos resíduo e poluição, basicamente fornecer meios para manter eternamente o status quo. Outra linha que transcende a questão produtiva e questiona mais profundamente o sentido de manter esse sistema. Manter o sistema do jeito que está significa manter empregos, com salários distintos e desemprego e concentração de renda, e infelicidade e miséria, e consumo. Ainda, que esse consumo seja de um produto utópico que não gere poluição ambiental, ele gera desigualdade, injustiça, infelicidade, violência, degradação e exploração humana,  e não é isso que eu quero.
Essa divisão simplista de como vemos o mundo sempre existiu, desde que aprendemos a estocar. Mas, foi depois de um mergulho nas questões ambientais que comecei a apreciar a real importância da justiça social. Claro, que talvez, de maneira inata eu já convivesse com essa necessidade. Mas, depois da ditadura fomos convidados a viver uma vida superficial, tivemos a oportunidade de ignorar total e completamente as questões sociais para simplesmente nos preocuparmos com nosso sucesso pessoal. Eu tive o azar de não me importar muito com meu sucesso pessoal. Na verdade descobri que meu sucesso pessoal depende de uma sociedade justa e equilibrada, quisesse me tornar CEO de uma megacorporação, talvez pudesse ser mais fácil. Acho mesmo que o "asco" que passamos a alimentar por conversas sociais, política e o incentivo ao desenvolvimento de um ser individualista ao extremo e puramente materialista é herança da ditadura.
Estamos, enquanto juventude, nesse ponto. Analisando do meu ponto de vista, muito limitado. Não temos oportunidade de compreender o mundo, o sistema econômico, político, social. Pois nos perdemos em assuntos vagos e fúteis. Enquanto vamos friamente analisando o melhor modo de nos darmos bem, estudamos discretamente a roupa que a "vencedora" usa e a qual deveremos copiar (os frios). Outros vão meio perdido, sem apoiar nem se inserir no sistema, vão levando, com desinteresse apático tanto as questões que exigem maior profundidade quanto as estratégias necessárias para "vencer" (os mornos). Outros ainda, reconhecem que não se encaixam no perfil dos vencedores e com o tempo descobrem que não querem se encaixar, e passam a estudar "isso", estudar o sistema impulsionados por um forte sentimento de que algo não está bem, normalmente dedicam tanta energia nesse estudo que acabam "perdendo" o caminho necessário para conseguir um bom emprego (os quentes). São minoria, vistos como esquisitos pelos primeiros e se sentem esquisitos mesmo numa rodinha formada por "frios", não sabem o que dizer quando o assunto é a vida pessoal de uma outra pessoa que nem se quer está na roda. Ou seja, quase nunca sabem o que dizer, alguns não se assumem e buscam auxílio psiquiátrico. E atualmente quando se encontram com outros que compartilham de seus interesses deve haver cuidado mútuo, para não se revoltarem nem se deprimirem exacerbadamente. E uma vez que ainda não sabemos muito bem como nos organizarmos, acho que não sabemos nem conversar, o encontro não gera muitos frutos, além daquela esperançazinha de saber que não somos assim, tão esquisitos. Acho que esse grupo cresce silenciosamente, e ensaia algumas organizações como os Anonymous. Vamos ver no que vai dar.
O fato é que pensar que "é assim mesmo" e "nunca vai mudar", para tentar calar um incomodo profundo que comumente se manifesta como culpa "infundada" não ajuda muito. Também não ajuda nutrir raiva, seja por quem se aproveita do statuos quo, seja por quem não se envolve, pois essa raiva faz com que se perca o foco do que realmente importa: harmonia e respeito entre todas as relações humanas, consigo mesmo, com outros humanos, com outros serves vivos, com o meio ambiente, nas instituições etc.

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