sábado, 14 de setembro de 2013

A doença que não existia


-         -  Entendo, entendo… - o médico então respirou fundo, tentando prolongar ao máximo a pausa que antecede o complicado diagnóstico - Bem, eu fico muito contente que tenhas conseguido exprimir seus sentimentos assim, tão serenamente. Parabéns, são sentimentos difíceis de lidar.

Pelos sintomas que o senhor descreveu, acredito que trata-se de uma hipersensibilidade, mais precisamente a Síndrome do Coração Ultra Puro, SCUP.  Acredita-se que não seja uma doença moderna, mesmo porque muitos escritores e compositores antigos, possivelmente, sofriam desse mal. Mas, seu diagnóstico e tratamento são recentes.

Eu costumo separar os tratamentos usuais em três linhas: a Fuga, o Enfrentamento, e a Entrega. Não pode-se dizer que um seja mais eficiente que outro, pois os resultados variam muito conforme o perfil do paciente. Existe ainda a possibilidade de fazer a combinação destes. Bem, eu vou te explicar em que consiste cada um e juntos encontraremos o mais adequado para iniciarmos seu tratamento.

Na fuga, como o nome diz, o sujeito foge do que lhe aflige. O modo mais óbvio, mas também muito controverso, é pelo suicídio. No início de minha carreira eu julgava que esse método fosse muito apropriado, pois além de imediato, no caso das ações bem sucedidas, ele não abre brechas para futuras crises, e me parecia resolver o problema por completo, apesar de drástico, claro. Mas, recentes pesquisadores da linha espiritualista, afirmam que esse método é na verdade muito danoso, pois segundo eles, apesar de morto, a consciência continua a desempenhar suas funções. E por ser uma medida extrema, causa traumas irreversíveis, na pessoa. Por essa razão, embora eu não acredite 100%, é melhor usar a precaução, e nesse caso, não recomendo mais esse método, embora tenham alguns pacientes que preferem arriscar, não sei se é o seu perfil. Aconselho que antes de optar por esse método tente outros.

Uma viagem, por exemplo! Podes conhecer sociedades que vivam de modo sutilmente diferente, que você julgue mais justo. Eu não posso te indicar com certeza um local, mas tem um caso de um paciente que descobriu uma vila nos Andes, ele me mandou algumas cartas, descrevendo o convívio social harmônico e agradável que existia no local. Viveu lá muito feliz por cinco anos, mas, ano passado, uma mineradora indiana se instalou e em poucos meses arrasou com o capital social da comunidade, ele me escreveu que em meio a miséria, a exploração, a poluição e a injustiça não conseguiria viver, avisou-me que usaria do suicídio. Receio que não tenha lido minha resposta, nunca mais me deu notícias. Mas, bem, isso não impede que você encontre uma vilinha assim! Acredite, essas comunidades não costumam ser expostas em revistas ou jornais. Ou você pode simplesmente se isolar, num sítio, com produção autossuficiente! Esse modo tem dado resultados exelentes!

A fuga pode ainda, dar-se por meio da alienação associada à obsessão. Onde o paciente deixa de se informar sobre tudo o que acontece com a sociedade, e foca-se exclusivamente em algo que lhe interesse. Ou por meio da imaginação, onde se cria uma outra realidade paralela, mais agradável. O uso de entorpecentes pode facilitar consideravelmente esse método, existem inclusive drogas legalizadas com essa função. Pode-se usar também histórias de ficção para iniciar a criação. Existem diversos adeptos desse modo que publicam em blogs histórias sobre suas criações, então você pode se inserir no mundo de outra pessoa! Muitos dizem de alienígenas infiltrados, espíritos obsessores, os mais diversos mundos!

Enfim, a fuga é um método bom, mas exige alguma coragem, pois é menos eficaz quando se mantém a rotina do trabalho, que impede a fuga completa. Sempre se está sujeito a alguma notícia desagradável, ou o simples fato continuar de vendo o que já lhe foi objeto de questionamento e rejeição pode ocasionar crises infindáveis.

O enfrentamento é muito bonito, eu admiro bastante esse método, mesmo porque ainda tenho alguma esperança, afinal, ninguém é de ferro, não é?! Ele funciona para quem está disposto a seguir entrando no que chamamos de “toca do coelho”. Ir até o fundo das mazelas sociais, não é um mergulho fácil, pois acredite essas pequenas coisas que o senhor afirmou que te incomodam, são apenas o que está na superfície, a pontinha do iceberg, digamos assim. Mas, por mais contraditório que seja, muitas pessoas se sentem melhor quando param de se debater na superfície para iniciar um mergulho rumo ao fundo, à causa primária! A ideia é conhecer para combater.

Então, durante seu mergulho elas vão buscando maneiras de modificar o que as incomoda. Pela minha experiência, a maioria sente que repassar a informação, é uma forma de trazer à superfície o que estaria escondido no fundo, e assim, agregar mais “mergulhadores”. Muitas começam a escrever livros, dar aulas, fazer palestras, compor músicas, pintar, encenar, pichar.

Outras concluem que a solução tem que ser uma intervenção mais direta, organizam grupos, que alguns chamam “terrorista”, porque aliás, esse é um detalhe importante desse método, ele comumente leva à revolta.

Nem sempre as pessoas se sentem exatamente mais feliz adotando esse método, mas costumam relatar que passam a ver um propósito em suas vidas.

Por fim, a Entrega! Normalmente, as pessoas que não buscam aconselhamento médico acabam usando esse tipo de tratamento. Mas, quando não é bem realizado, com acompanhamento de um especialista, costuma ter ciclos inesgotáveis de crises.

O seu sucesso está diretamente relacionado à dessensibilização. Para isso existem diversas técnicas, que envolvem uso de medicamentos, sessões de tortura, suaves, como choque, solitária, que são opcionais, mas eu aconselho pois os resultados costumam ser melhores. Outra técnica fundamental é a visualização constante de cenas de violências, casos de injustiça e opressão, por isso se aconselha a sintonização constante em programas de TV, rádio e leituras de jornal, em especial da página policial. Até que essas situações parem de lhe causar incomodo. Você vai ver, no início vai identificar claramente a retratação de relações doentias na novela, opressão, mas com o tempo a injustiça vai se tornar mais nebulosa, até ficar totalmente imperceptível!

Os resultados mais comuns variam entre dois padrões distintos, a apatia e a normalização. No caso da apatia o sujeito deixa de sentir. Ele não sente mais a angústia que o senhor me descreveu, mas também não sente mais compaixão, não sente amor, não sente tristeza, nem felicidade, não sente nada. Os seres humanos, inclusive ele próprio, passam a ser encarados como máquinas. Alguns conseguem se destacar na carreira por essas características, mas muitos tão pouco se importam com isso.

Já no caso da normalização, a pessoa torna-se “um sujeito normal”. Ela passa a apresentar o mesmo padrão de comportamento e sentimento retratado nas novelas. Ela é totalmente reabsorvida pelo sistema. Volta a ter gosto pelo consumismo sem nem se importar com as condições de produção. Ela só leva em consideração o que é mostrado na televisão. E quando algum programa mostra uma situação de opressão ela encara com a mesma superficialidade com que a matéria é exibida. Logo se interessando pelos produtos mostrados pela propaganda. Muitos pacientes, inclusive, movidos pelo consumismo, e ânsia de status passam a reproduzir os quadros de opressão e injustiça que antes lhe afetavam tanto!

Eu considero esse método o de maior sucesso. É o que apresenta menor caso de regressão, eu não consigo entender como é o que tem pior adoção. Acho que é porque os pacientes sentem tanto asco pela sociedade atual que no fundo não querem fazer parte dela, mas é como eu digo, você muda sua concepção. Aí consiste o maior sucesso, ele atua na causa!

Que método o senhor se afinou mais, e quer eu explique melhor? 


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Qual o papel de uma ONG?

Existe um mundo imaginário onde as ONGs são amigas lindas! Esse imaginário é deveras perigoso e cruel. E complexo, tanto que ouso vir aqui sem ter uma posição bem sedimentada, mas, com a necessidade de extravasar.

Tive que ler um papper para uma disciplina. Ele analisava a contribuição de ONGs no ordenamento territorial marinho (planejar quais atividades - aquicultura, exploração de petróleo e recursos minerais, navegação, pesca, energia, depósito de resíduo - poderão ser feitas e aonde). O papper repetiu diversas vezes que as ONGs, por serem representantes da sociedade civil, são independentes tanto do estado quanto dos interesses privados e que portanto podem atuar como mediadoras. Os autores até aceitavam que a ONG pudesse ter algum interesse próprio, desde que não fosse conservacionista. Ah, outra exigência é não usar de violência, o que possivelmente descaracterizou o Greenpeace de ser citado no trabalho, e penso que só de pensar no Sea Sheperd os autores já devem tirar de seus ternos adjetivos como vândalos, baderneiros, criminosos, inimigos da ordem e da família, entre outros.

Eu fiquei imaginando como seria uma ONG independente. É que precisa de verba para funcionar e para tanto é necessário doação ou aprovação de projetos, submetido a empresas públicas ou privadas, ou governo, criando indiretamente uma dependência. Aí pensei em que ONG representa o interesse da sociedade civil, e de que parte dessa sociedade?

Não tenho fé em instituição nenhuma, isso é muito triste. Sei de podridão inaceitável dentro da minha universidade. E quanto à ONG, vou contra uma história para você:

Era uma vez uma ONG (OSCIP para ser mais exata) chamada Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC). Por favor, deem uma olhada no site, antes que saia do ar: http://www.imdc.com.br/. Essa OSCIP, como pode se ver no site, tem mais de 3 décadas de atuação, e investe na qualificação de jovens carentes de todo Brasil e na alfabetização. Tudo, como podemos ver na imagem abaixo, com muita responsabilidade...
Até que, desde 2011 a PF vem investigando a atuação da OSCIP. Grampeu as ligações e verificou que de todas as ligações apenas ZERO tratavam de prestação real de serviço. E como uma bola de neve, os funcionários mais desprovidos de carater e sem valor moral, aprendiam com o esquema e abriam sua própria OSCIP (informações aqui, mas já adianto que é revoltante demais e portanto desaconselho a leitura).

Acredito que nossa ingenuidade, provinda da alienação consciente é perigosa e desumana. O professor, ainda que meio desconcertado com as intervenções feitas por mim e minha amiga. Disse que na experiência dele ao se apresentar como universidade "muita gente torce o nariz", mas como ONG é mais bem aceito. Fiquei lembrando de um texto de educação ambiental crítica que os autores diziam que a EA está agindo muitas vezes como legimizador da opressão. Tentando tapear uma ação danosa a uma população sem voz com atividades de "mitigação" que visa por tudo em panos quentes. Pois, aconteça o que acontecer deve-se agir "sem violência".

Eu não consigo entender como a solução parece tão óbvia e ao mesmo tempo tão distante do nosso modo de pensar. Alguns colegas defendiam as ONGs como o modo mais adequado de representação da população. Inicialmente penso num plano que envolvesse prefeito e ONG, então eu teria votado em uma pessoa para me representar (a mim, à comunidade de pescadores, aos LGBTs, etc) que estaria sendo pressionada por uma instituição que existe para me representar. No caso eu estaria sendo duplamente representada na elaboração de uma política que eu nem tomei conhecimento, pois tenho que trabalhar 8 horas por dia, arrumar a casa, cuidar do jardim e a rede globo não é capaz de me informar o que foi tratado em nenhuma reunião política enquanto lavo louça, ela só mostra o pior de relações humanas bizarras...

Ou seja, deveríamos ter menos tempo de trabalho em emprego formal (afinal qual trabalho é realmente útil? não existem tantas máquinas) e mais possibilidade de participação. Nesse sentido a primeira coisa a se fazer é alfabetizar freiranamente os mais oprimidos. Qualquer medida que fuja disso esconde um interesse mesquinho e desumano, por mais que dotada de "boas intenções", que aliás são o pavimento da estrada para o inferno.

domingo, 8 de setembro de 2013

Tem uma criança triste na sala

Conta-se uma história de que quando europeus ensinaram futebol para indígenas começou-se uma partida. Um time marcava, todos comemoravam, aí o outro time virava e assim ia. Até que passado um certo tempo os europeus falaram que o jogo havia terminado. O time que seria vencedor recusou-se de toda forma, pois seria absolutamente indigno parar agora que eles estavam ganhando, seria uma covardia. E então o jogo seguiu até que, quando todos já estavam cansados, houve o gol do empate, a alegria foi geral, o gol mais comemorado de todos encerrou a partida com comemoração geral.

Acho que faz muito mais sentido se divertir junto do que querer ganhar. Na diversão todos ganham, a vitória é multiplicada. É fácil torcer pelo outro e faz mais sentido. Como você pode se sentir feliz por ter ganhado quando o outro time se sente triste por ter perdido?

Mas, não teríamos chegado tão longe (sem entrar do mérito de ser bom ou ruim esse "longe") sem a competição, ah e sem o dinheiro, não é mesmo? As pessoas só conseguem agir motivadas pela intenção de ganhar mais dinheiro ou de ser melhor que alguém! Será mesmo? É isso que te motiva? A mim não, e apesar de as vezes desconfiar que eu tenha nascido com alguma coisa, poderia ser chamado de doença, penso que não sou a única. Acredito que muitas pessoas compartilham da minha visão de que o bem estar da humanidade, do planeta, a justiça, a liberdade dos oprimidos são motivações mais fortes, mais duradouras, e pelas quais muitas pessoas morreram lutando, muitas tem ido as ruas, mesmo com a forte repressão policial. Elas não estão nas ruas para serem promovidas, ou receber um aumento. Elas querem, desesperadamente, justiça, elas tem um propósito a meu ver muito nobre. E afinal, como poderiam não querer justiça?

Como é possível conviver com a opressão e injustiça? Bom, digamos que nossa sociedadezinha doente tem se empenhado fortemente em facilitar esse convívio. Muitas são as distrações que tornam a nossa volta uma verdadeira matrix surreal, o que distância de nossa vida burguesa a realidade dos espoliados, oprimidos. As distorções, caracterizando um duplipensar bizarro em nossas mentes, que desapropriam palavras importantes do seu real significado também contribuem.

Assim, além de não vermos a verdade, a pouca que vemos não decodificamos adequadamente.
Mas, pare de se enganar, a verdade é que você não suporta ver alguém sofrendo. Pior que isso, você não suporta sequer pensar que existe alguém sofrendo. Podem tentar te convencer que é um sofrimento justo. Mas, sinto te dizer, na realidade, no fundo da tua alma, não interessa se mereceu, ou não, ainda assim, seu coração vai doer com o sofrimento alheio. Ainda que esse sofrimento venha fantasiado de outro motivo e você acredite estar triste por causa da TPM.

Tenho a oportunidade de trabalhar com crianças. Elas são deliciosamente incontroláveis, o que era uma agonia contraditória para mim. Pois apesar de ter me descoberto anarquista, a "ordem e progresso" ainda estão muito enraizadas no meu íntimo. Até que assisti uma palestra de um livro do "observatório dos conflitos urbanos" da FURG, onde pessoas entravam, saiam, conversavam, mudavam de lugar, e aparentemente eu era a única incomodada pensando na "falta de educação" das pessoas. Parei de reparar no movimento periférico para me focar nos autores (que em nenhum momento reprimiram a "bagunça"), e foi muito produtivo. Enfim, me libertei um pouquinho mais da afixação por ordem e obediência que me foi inculcada.

Nessa sexta, as crianças resolveram empilhar as cadeiras para sentar encima. tinha menos "pilha" que crianças, quando uma saía para fazer a atividade outra roubava o lugar. E um reclamou comigo, eu falei que era assim que estava funcionando, um saía outro sentava, mas ele continuou protestando, eu disse que tinha outra pilha ali, mas ele ainda queria aquela, eu disse que se ele queria implicar precisaria de outro argumento porque se fosse pela cadeira não estava funcionando. Sem argumentos, mas ainda extremamente chateado ele sentou-se no chão, encolhidinho num cantinho da sala. Antes de começar a outra atividade fui chamá-lo, saia lágrimas de seus olhinhos, o que me tocou:
- Vem sentar com a gente para eu contar a historinha!
- Não tem lugar.
Ih, é mesmo, as mesas também estavam empilhadas. Com um pouco de relutância as crianças da mesa abriram um espaço e ampliamos os lugares. Mas, ele ainda não iria querer vir. E as crianças da mesa tagarelavam sobre assuntos diversos.
- Pessoal! Vocês notaram que tem uma pessoa triste na sala?
Houve um silêncio meio constrangedor. Uns desviaram os olhos, outros fizeram que sim com a cabeça me lançando um olhar de "por favor, nos ajude a lidar com essa situação".
- Vamos sentar com ele para ouvir a historinha?
Talvez por fazer sentido, ou pela simples alegria de se sentar no chão todos prontamente fizeram uma rodinha envolta dele. E a partir daí eu senti que o clima de cooperação e amizade foi potencializado. Lembro de ter dito "se importar com as pessoas é a melhor lição que podemos aprender".

Fiquei pensando depois, como pude ter essa ideia genial (digo genial comparando a mim mesma e minhas atitudes passadas, talvez seja uma atitude óbvia, ou talvez haja quem vislumbre saídas muito melhores para essa situação, tornando a "genialidade" medíocre). Tento acreditar que fui guiada por um mestre superior, mas não consigo. Não consigo não acreditar que esse pensamento não tenha sido fruto da minha relativamente recente imersão nas questões sociais.

E penso ainda, como podemos estar sentados a mesa falando de futilidades enquanto tem uma "criança triste na sala". É esse sentimento de culpa invisível que nos impede a felicidade plena. Só isso. Não é porque sua infância foi assim ou assada, porque vc usa carro, porque seu emprego é chato, está acima do peso ou pelo o que quer que seja. Nosso mal estar vem do convívio com a injustiça crônica, e negar isso só retarda sua cura. Acredite nos tem sido difícil sequer identificar a injustiça, mas com um pouco de empenho é possível sair da "matrix" e ver claramente quem são os "vândalos e bandidos" da realidade.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

o preço de tudo

Eu simplesmente me choco ao ler matérias assim:

Estadão, 02 de setembro de 2013.

Não sei se sou a única, se vivo numa realidade paralela... Se deveria achar normal e não ver problema algum. Mas, para mim essa matéria deixa claro o porque de termos universidades. Lucro! Totalmente desumano, cagando para evolução da humanidade, se lixando para qualidade de vida real.
E adivinha só para onde vai esse lucro? Gringa! 
Acesse os Financial Reports da Anahnguera.
Peraí, então para podermos viver (pagar impostos de casa, ou aluguel, comprarmos alimento, roupa, lazer, cultura, documentos) temos que ter um emprego, e tem várias empresas de capital estrangeiro "investindo" no Brasil, pois nosso país tem muita sorte e fez vários acordos para ter a divina dádiva de ter essas empresas instaladas aqui! Só que para vc trabalhar na Bunge (ou onde quer que seja) tens que ter um curso superior, porque é impossível identificar um problema e resolve-lo ou analisar e melhor algo sem dominar os termos técnicos. 

Então, tu te matricula na Anhanguera, financiado pelo governo. E esse dinheiro evapora do país, sem deixar NENHUMA melhoria... Ele se materializa na forma de um Iate no Catar (isso é o ápice da insustentabilidade)

Mas, parte dos alimentos e fertilizantes produzidos na Bunge são exportados! Eba, todos ficamos muito felizes pelo Brasil crescer tanto como exportador e deixar uma balança comercial favorável! 

O país está melhorando, o sistema é maravilhoso, pois permite que todos tenham acesso a ensino "superior", e "melhorem" de vida. Ah, o capitalismo e a globalização, em plena democracia, o que seria de nós sem vocês?!

Todos com uma televisão, muitos com um carrinho na garagem, emprego, e curso superior! É um sucesso! não poderíamos querer mais nada. 

E o bom, quando você tiver câncer, graças a poluição da água, ar, solo, alimento industrializado (preciso dizer que a matriz da industria de alimento não é aqui, e nem nos oferece contrapartida?), estresse, sedentarismo, o tratamento vai ser pago pelo convênio (ou governo), e o lucro do tratamento também é calculado. Quanto mais tempo doente sem morrer, melhor para os negócios (não seu, claro). E esse lucro vai para onde e se transforma em que? Algo me diz que vai para o mesmo ralo das outras atividades.

E essa é a situação dos que tem sorte, muita sorte, e por isso todos os dias fazem uma prece para agradecer sua condição... Por isso temos a "sorte" de termos a Bunge, entre outros, aqui, para gerar emprego (ou criar problemas para vender soluções).

Pra resumir:
Subversão anárquica, a luz no fim do túnel.

ps.: não estou conseguindo comentar. mas olha o que soube hoje (27/11) esse grupo comprou a FMU... link aqui, bom assim, heim?! um monopólio educacional... ah, é claro que o maior interesse é formar cidadãos críticos e conscientes... óbvio. o lucro é apenas o resultado de se fazer o que gosta com amor e dedicação... (sqn)

Fonte: Página World Riot no face.