segunda-feira, 8 de abril de 2024

A Ditadura dos Cartéis

Como mãe suficientemente boa que sou, passo parte do meu tempo buscando passeios culturais para levar meu filho. No bairro que meus pais moram há uns 15 anos tem uma enorme chaminé que sempre foi usada como referência para as crianças saberem que nos aproximávamos de "casa". 

Encontrei um passeio no nosso bairro, uma visita guiada à Casa das Caldeiras. Os guias do passeio foram Plinio Meirelles e Jussara Bracco. Nos contaram que pelos idos anos 20 um migrante buscou expandir seu negócio com banha de porco. Com as caldeiras gerava energia para a produção de diversas coisas que eram exportadas em seus navios. Mesmo com a morte desse migrante a família continuou e inclusive aumentou o potencial de geração de energia, para continuar nesse mesmo esquema de beneficiar e exportar. O complexo industrial recebeu trabalhadores italianos quando a europa ruía em crise, e posteriormente nordestinos que moravam na vila operária, e já se organizava um tipo de "sesc", com cinema para os trabalhadores.

Só que como diz um grande e admirável dirigente social, João Pedro: a burguesia brasileira é burra por não pensar enquanto nação, não desenvolver o mercado consumidor nacional. E eu penso que isso se deve a parca análise geopolítica, por meio da qual poderia se identificar a DITADURA DOS CARTÉIS. Esses cartéis, como Kurt Mirow tão bem descreve minuciosamente em seu dossiê, são conglomerados de empresas majoritariamente americanas, alemãs e inglesas que dominam e controlam a produção e comercialização em nível global. Fazendo todo tipo de maldade para manterem sua hegemonia (suborno, assassinato, sabotagem). Quando o livro foi escrito já trazia o domínio do conhecimento pelo pool de patentes. Não conseguimos nunca romper essa ditadura, muitos juízes tentaram. Ela foi apenas se sofisticando.
Ainda que os burgueses nacionais tivessem algum compromisso com o desenvolvimento nacional eles enfrentariam um enorme desafio para manter a soberania. Os Matarazzo, no caso donos da Casa das Caldeiras, sucumbiram. Entregaram a indústria para a especulação imobiliária e muito possivelmente enfiaram o dinheiro no mercado fictício para viver indignamente com as migalhas da especulação financeira.

Hoje vemos um esboço de um esforço no sentido de minimamente conter a barbárie. O Estado regular o aplicativo de comunicação que já identificamos como disseminador de mentiras, o antigo twitter, ou assegurar os direitos trabalhistas, para desespero do ifood, pode dar espaço para o surgimento de desenvolvimento de softwares e plataformas nacionais que respeitem direitos trabalhistas e zelem pela dignidade humana.