quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A novela Guarani-kaiowá


No jornal local pude ter acesso a notícia "Justiça Federal suspende expulsão de índios guarani-kaiowá em MS", no link abaixo. Me chamou a atenção que o fazendeiro (sem nome) solicitou a expulsão dos indígenas de "sua" terra de 760 hectares. O TRF, pela pessoa da juíza Cecília Mello, suspendeu a expulsão. Baseada no fato de que, não tem como se afirmar quem seja o proprietário das terras, e que a ocupação de 1 hectare dentro dos 760 não venha a atrapalhar as atividades do fazendeiro =/

NOSSA!
Inicialmente me pergunto como é possível uma pessoa ser (ou se dizer) dona de 760 hectares. Mas, tudo bem, confesso que esse questionamento é bastante comunista e não me estenderei, afinal o comunismo está morto e enterrado.
Sigo questionando, como é que foi que conseguimos acabar de vez com uma cultura, sem remorso. Os indígenas são tradicionalmente extrativistas, não entrarei no mérito de analisar a sustentabilidade dessa prática, mas imagino o que se dá para extrair de 1 hectare... que talvez eles venham a conseguir.
E claramente, fica a duvida de como é que foi que o sr juiz Sérgio Bonachela se colocou a favor da expulsão?! Estando nós em pleno capitalismo eu suponho que tenha havido algum incentivo monetário. 

Mas, o que eu considero tão grave quanto a corrupção, é a visão comum que muitos da direita construíram sobre os povos indígenas. Já ouvi pessoas próximas a mim e com elevado grau de "cultura" (leia-se acesso a informação) afirmar categoricamente que índio são vagabundos. Bom tendo em vista que culturalmente são extrativistas não faria muito sentido eles se sentirem honrados e felizes em trabalhar para o "proprietário". Dizem que eles são ladrões e alcoólatras. Bem, eu não sei até que ponto essas informações são verdadeiras, mas isso prova ainda mais nossa capacidade de deturpar sua cultura.

Agora, o que me dá esperança é que a atitude da sra juíza Mello pode ter sido incentivada pelo movimento das redes sociais e de petições.

http://jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=6&n=35367

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vegeteriana

Me desculpe, uso esse espaço para abordar esse tema que, por incrível que pareça, é extremamente delicado. Eu não quero te convencer a mudar de hábito, tão pouco quero criticar os seus costumes, gostaria apenas de relatar minha experiência e incentivar vc a desenvolver os seus valores e princípios e assumi-los.

Eu demorei alguns anos para assumir meu vegetarianismo, muito embora sempre tenha demonstrado inclinação. Costumava soltar esse assunto no ar para estudar a reação das pessoas, nas primeiras vezes se punham ferozmente contrárias. Com o passar dos anos, minha pesquisa de opinião começou a receber alguns sinais favoráveis. Sabe, sou constantemente vítima da necessidade de aceitação, eu não sei se você é assim, eu costumo fingir que não, mas antes de adotar uma postura eu estudo e faço uma projeção da possível reação dos que me cercam.

Mas, mesmo com alguns se pondo contrários ao vegetarianismo, mesmo sendo confortável me manter no status quo, me setia incomodada ao pensar em matadouros e granjas, principalmente. Então passei a evitar frango, acho interessante que algumas pessoas começam por abdicar da carne vermelha, deve ser por sentirem mais desconforto em ingerirem um mamífero. Para mim o incomodo maior é com as granjas, a ideia de inserir hormônios e incentivarem os animais a comerem 24 hs por dia me arrepia. O outro passo foi deixar de comprar carne, mesmo a sessão do supermercado que expõe bifes em bandejinhas me deixava desconfortável, a sorte minha foi que meu namorado compreendeu. Acho que por minha mudança ter sido sutil ele pode acompanhar, entender e até concordar.

Por fim, ao pegar uma balsa pude ver de perto um caminhão que carregava gado vivo, era sujo, fedido e escuro, os animais não tinham muito espaço, mugiam desconfortáveis, dos olhos de uma vaca escorria uma lágrima. Eu tirei uma foto, para me obrigar a não esquecer a sensação que aquela cena me despertou. Esses animais, provavelmente seriam exportados, vivos, porque todos os seres humanos apreciam um churrasco, sentimos prazer com o cheiro de carne assada.



Não tenho o hábito de meditar, embora queira muito, às vezes consigo, numa dessas vezes senti minha alma me clamando: ASSUMA-SE. A partir de então, me tornei vegetariana. Somando-se a isso, dou-lhes um argumento lógico, tão importante ainda nos dias atuais, oras, sendo eu uma ambientalista o impacto da pecuária extensiva é indiscutível, a pesca vem tornando estéril nossos oceanos...

É interessante, mesmo tendo toda a consciência da minha opção, mesmo me sentindo segura e confortável com meu novo hábito, eu fujo como o diabo da cruz desse assunto, procuro passar desapercebida num jantar, me assusta as críticas ferozes que as pessoas costumam fazer. Eu não sei porque alguém criticaria tão arduamente um hábito alimentar que visa a paz e harmonia entre os seres vivos, a minha teoria é que isso reflete o desconforto em que se encontra a consciência de quem critica. É como se a minha presença provasse a possibilidade da mudança que ela aspira e teme, não sei... Parece que tentam, mesmo sem eu solicitar, argumentar a favor de seus hábitos, e o fazem me criticando.

Só queria dividir publicamente a aflição que eu costumo sentir ao me assumir vegetariana, e pedir para que antes de criticarem um meçam as palavras. Eu costumo criticar muitas posturas, o consumismo principalmente, e não me policio muito na hora de expressar minha postura, mas devemos nos lembrar que o respeito a diversidade humana e o esforço para a boa convivência é unicamente o que de verdade importa.

Convido-o a se questionar e reavaliar seus hábitos, pode ser um pouco desconfortável de início, mas tenho certeza que o questionamento constante e reavaliado nos leva a sermos pessoas mais verdadeiras, plenas e boas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Geração Perdida

Nossa geração já tem um apelido! Que gracioso, somos denominados de "geração perdida", o perdida aqui no sentido de desperdiçada, menos mal.

É que, temos talento, desenvoltura e muito estudo, só não temos emprego, o Mercado de Trabalho está nos desperdiçando. E para alguns isso significa que nós não temos nada. A situação é tão caótica que 50% dos jovens (entre 20 e 30 anos) estão sem emprego na Espanha. O que é uma característica de todos os países, uma vez que a geração anterior está toda empregada pelos próximos 30 anos, e no Brasil somos em maior número, e ainda tem o desenvolvimento tecnológico, isso é temos menos vaga, mais máquina e mais gente... Isso para mim beira o maravilhoso (tentarei explicar melhor), mas nem todos os meus companheiros de jornada pensam assim. No link, que me lembrarei de por abaixo, vocês poderão ver uma das declarações que mais me chocou, a jovem diz que estudou, se esforçou, aprimorou e não está empregada, concluindo que isso tudo foi feito "para nada".

É bem verdade que nos venderam o estudo universitário como um passaporte da alegria para o Mercado de Trabalho, que por tanto tempo guiou nossas vidas e condutas. Eu estou nessa situação, fiquei extremamente frustrada de não entrar no Mercado de Trabalho (MT) tão logo consegui meu diploma, e o pior foi notar que nem sequer abriam vagas (todas exigiam experiência), e todos os meus colegas enfrentam a mesma situação, quer dizer que o problema não é minha falta de competência. Isso de início assusta, parece que não terei futuro, que não conquistarei uma vida digna, que não valho para nada, e que o estudo foi um tempo perdido... Mas agora, um tantinho mais madura, vejo com outros olhos!

Eu tive uma ótima oportunidade de escolher o meu curso de acordo com meu interesse, amei cada ano e cada fantástica descoberta sobre os oceanos. Agora estou fazendo mestrado, continuo aprimorando meu conhecimento e com tempo de me preocupar com minha conduta moral, aprimorar o meu caráter, cultivar um relacionamento saudável com os seres divinos que me rodeiam.  Consigo tempo, conversa e subsídio para formar um olhar crítico a respeito da sociedade e meu lugar nesta. Vocês conseguem acompanhar que maravilhosa oportunidade essa "geração perdida" está tendo? Na minha opinião, hoje está rolando uma revolução, profunda. Temos uma imensa liberdade, não precisamos (na marra) depender, nos vender, para o MT, podemos nos dedicar a construir um mundo melhor. Existem diversos subsídios para fomentar projetos de cunho socioambiental. Basicamente, o que vejo é um planeta implorando (isso é, dando todos os motivos e meios) para que nós não tentemos ser uma nova versão do velho. Temos que ser diferente, temos que parar de nos preocupar com o micro, com o nosso umbigo, com nossa família (de sangue) que ainda nem existe. Passar num concurso público visando apenas dar educação, conforto e todas as condições necessárias para o desenvolvimento de nossos filhos, já foi feito por nossos pais. Nós somos os filhos, e não recebemos tudo isso só para termos outros filhos e assim por diante, e diante, e diante... O que vamos fazer com todo suporte que nos foi dado e oferecido?



Bom, eu sugiro que você pense, reflita e encontre sua própria resposta. A meu turno eu estou realizando uma verdadeira revolução mental. Estou me livrando da dependência do MT, da busca pelo capital, cheguei bem a conclusão de que preciso muito mais de uma horta emancipatória do que de um carro zero, conclui que preciso fortificar o meu caráter e minha moral muito mais do que aprimorar o inglês. Que preciso buscar o bem-estar dos que me rodeiam, no meu bairro e cidade, do que o topo de uma carreira. Conclui que olhar nos olhos do catador de latinha e conversar com ele me satisfaz mais do que comprar uma bolsa de incríveis 200, 300 reais (quanto vale hoje uma bolsa com status? eu já nem consigo acompanhar esse conceito.).
Muitas pessoas que conheço chegaram a conclusão diferente, concluíram que seus pais alcançaram um nível social e cabe a elas subir para o próximo. Eu não sei bem onde essas pessoas querem chegar, e porque fazem isso, talvez elas desejem muito, muito, muito ter um iate, mas o que eu sei é que preciso respeitar essa decisão, se elas se sentem satisfeitas dessa forma isso é ótimo, se possuem um lugar no MT para se dedicarem em tempo integral, afim de satisfazer suas necessidades, isso é ótimo.
Mas, nós que estamos de fora estamos tendo a maravilhosa oportunidade de analisar criticamente se é isso que queremos, ou precisamos. E pensar maior, além da vida de uma única pessoa (a nossa), pensar nas diversas vidas em conjunto, pensar no planeta. Seria mesmo interessante para o mundo que você passeasse de iate? Isso não é terrivelmente pequeno, não fornece um prazer ridiculamente passageiro e volátil?

Vou ficando por aqui, dizendo que estou profundamente feliz em participar dessa mudança mundial, que chamamos de "crise", de "desemprego", de "desperdício". E dizendo, mesmo correndo o risco de parecer ridícula, que o mundo pós-crise que eu deslumbro é muito mais humano. Na minha opinião essa é a única (e maravilhosa) saída que vejo, rezo para que não inventemos artimanhas bizarras para continuarmos nesse velho sistema desgastado, rezo para que não resistamos a essa mudança fascinante que vem ocorrendo pacificamente, de mente em mente. Vejo o mundo dos jovens sustentáveis, nós simples e risonhos, que nos reunimos domingo a tarde para correr na praia ou passear de bicicleta, nós somos o simbolo máximo de progresso e desenvolvimento, temos que nos conscientizar disso e sentir o prazer de ser quem somos, sem resistência!

Espero que leiam essas matérias com outros olhos, sem medo ou desespero:

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sustentabilidade/sustentação!


Aparentemente, podemos dizer que o nosso objetivo principal tem sido descrever, para então podermos estudar, a realidade. E a tarefa não é fácil...

Desde filósofos antigos temos gerado produtos a fim de atingirmos essa meta, pois os produtos gerados foram tantos e tão incríveis que acabaram por nos desviar de tão nobre objetivo.
Me explico melhor, imaginemos que duas pessoas vejam uma batida de carro, cada uma irá descrever o ocorrido de uma maneira, de acordo com seus conhecimentos, elas escolhem palavras mais elaboradas ou simples, conforme a sua cultura, ela pode “tomar partido”, por exemplo se uma costuma correr a causa do acidente está na estrada mal acaba, a memória pode influenciar, uma recorda mais detalhes, existe ainda a possibilidade (consideravelmente comum) de alguém mentir.

Enfim, uma realidade pode ter diversas interpretações, e ainda partimos do fato de que nenhuma dessas interpretações será a realidade em si, pois há uma distorção entre o fato vivido e o narrado, consistem em duas ações distintas. Nesse caso, inventamos a linguagem considerada mais real e menos passível de sofrer distorções, a matemática, que se desenvolveu nas suas parentes. Dizer que o carro estava muito rápido é vago, e depende do conceito particular de cada indivíduo, mas dizer que estava a 120Km/h é indiscutível.

Obviamente, que a finalidade principal da matemática não é aplicar multas mais exatas, calcular o numero de miseráveis no planeta, dar valor a pedaços de papéis... isso não passa de distração, a verdadeira finalidade da matemática consiste em ser uma linguagem precisa no desenvolvimento da ciência, que pouquíssimas pessoas se interessam, pois a distração é tamanha que nos engoliu, a ponto de ignorarmos quais são os cientistas da atualidade e o que os preocupa no momento.

Li numa revista uma analogia legal, a ciência é o alicerce de uma casa num plano de lama. Construímos alicerces que consideramos profundos, sem no entanto termos a certeza de terem alcançado solo firme, a partir dai começamos a construir uma casinha, que se tornou um sobrado e a partir daí um imenso castelo em constante ampliação.

Pode ser que alguns estejam se dando conta de que o castelo está lentamente se inclinando para um lado, e que precisamos parar de ampliá-lo para lhe fortificar a estrutura, ou senão ele irá ruir de um momento ao outro. Eu imagino que no momento, precisamos embasar o castelo social nos pressupostos ambientais.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desenvolvimento para quem?


No fundo do meu peito eu sempre senti uma repulsa por megaempreendimentos. Acho que sou muito ambientalista, e gostaria de preservar todas as paisagens naturais. Mas, eu entendo que a tecnologia é algo positivo e benéfico, etc coisa e tal. Além do mais tem todo aquele discurso, que costuma me espremer contra a parede e calar meus argumentos sentimentais: Empreendimentos geram renda e emprego. Que coisa linda, sem dinheiro ninguém pode fazer nada, correto?!

Pois bem, tive a felicidade de conhecer inúmeras pessoas que sentem, como eu, que tem algo muito errado nisso tudo. São pessoas mais experientes e bem informadas, que me ajudaram a entender porque eu sinto isso e porque devo dar mais ouvido ao meu coração do que aos argumentos (supostamente) lógicos.



Vamos começar com a fabulosa geração de renda. Aqui em Rio Grande, tivemos o enorme privilégio de receber um Pólo Naval! Que beleza, geração de renda para o município... Bem, na realidade, que não foi discutida, debatida, se quer informada aos locais, uma porção muito pequena do imposto fica na cidade. O que fica são os (irrisórios) salários. Por outro lado, a população da cidade aumenta a olhos vistos (todos querem morar em uma cidade rica, correto?) demandando mais serviços, como transporte, saneamento, educação... A poluição, inevitavelmente, aumenta, pelo número de carros e máquinas, aumentando problemas de saúde, que novamente demandam serviços de saúde. Acontece, que essa nova população não tem como ser contabilizada (ninguém transfere título de eleitor), impedindo que a prefeitura reivindique (de volta) a verba do governo federal! De onde se conclui que, no nosso caso, os empreendimentos estão empobrecendo o município. A esperança é que com esse punhado de gente possa se fortalecer o comércio local, e a criação de iniciativas mais positivas.

Todos aplaudem a criação de empregos! Vamos começar essa conversa esclarecendo a impossibilidade de se criar emprego, ok?! Isso não existe, o que acontece é a empresa, fábrica, ou seja lá o diabo que for, se utilizar da mão de obra disponível, assim, podemos ter claro quem é que depende de quem. Continuando com o exemplo de Rio Grande, a mão de obra foi trazida do Rio de Janeiro, sabe-se Deus porque, a enormidade de cursos técnicos continuou formando “desempregados”, e nossos amigos cariocas, foram convidados a se retirar de sua cultura, deixar sua família, para vir se enfiar num lugar frio e ventoso. Esses amigos moram em casas antes alugada para estudantes (a preço de banana) no inverno e a turistas no verão, agora são alugadas num valor altíssimo o ano todo e comportam uma média de 10 pessoas por quarto! Já deu para notar um conflito ou devo esclarecer melhor o choque cultural?

Se você ainda está afim de ler mais um pouco, podemos continuar nossa conversa! Eu penso que apesar dos pesares e do meu coração doer imaginando os novos índices de violência, drogadição e prostituição da minha cidade, apesar de ver o pampa ser transformado (para não dizer reduzido) à shopping center, reconheço que o tal polo naval tem por objetivo fortalecer a soberania nacional. Estamos fazendo plataformas para a recém-nascida indústria do pré-sal. Que, bem ou mal, vai empoderar a nação.

Agora, peço licença para comentar outro caso de megaempreendimento. Esse se passa aqui do lado. O Uruguai é um país que muitos consideram “parado no tempo”, hoje acho que é (ou costumava ser) muito a frente do nosso tempo! As pessoas são tranquilas, simpáticas e felizes, não há discrepância educacional, todos pensam, independente de sua renda ou ocupação. Bem, não existem shoppings center (estou falando da região de La Paloma, que conheço melhor), e as pessoas pagam mais caro em alimentos com qualidade absurdamente superior a nossa, elas não trocam de carro a cada ano e desconfio que algumas não possuam celular. O leite, imaginem só, tem gosto de leite!

Mas, da última vez que tive o privilégio de estar lá, notei uma nova estrada, totalmente desnecessária, pois o trafego de veículos é irrisório. Perguntei: porque essa estrada? É para o novo porto! Sim, o Uruguai está se “modernizando”, alguns diriam até, se desenvolvendo. Em La Paloma, já estão construindo o porto para o transporte das madeiras. Isso mesmo, já existe uma enorme plantação de pinus nas margens do Rio da Prata, plantação essa que criou conflito com os Argentinos, expulsou camponeses (pequenos agricultores) concentrando as terras nas mãos de poucos (gringos), secou arroios e lagos, alterou a paisagem local e vem empobrecendo o solo. Essa madeira agora vai escoar via La Paloma, para que algum país a manufatur e revender cobrando 100 vezes mais.

Outro progresso que vem agraciando o Uruguai, é a construção de portos de profundidade, esse eu não sei exatamente onde vai ser, e seu objetivo, além de criar emprego e renda (fictícios) será o escoamento das, já ativas e atuantes mineradoras! Claro, você pode imaginar que a demanda interna do Uruguai por minério é nula, como disse, as pessoas costumam ser pessoas e não mini-bancos, elas não necessitam circular capital para sentirem que fazem parte do mundo.
Agora, que alcançamos o limite planetário (verdadeiro motivo das crises), que ninguém expõe na mídia, pois eles estão ocupados tentando te vender shampoo, o Uruguai passou a ser rico em ouro, pode-se extrair até 100g do minério em 1ton de solo!!! Sim, sim, fica um rombo fenomenal, e a quantidade de (sub)empregos e renda gerada não necessita maiores discussões, correto?! No congresso em que eu estive, foi dito que na realidade, a mineração, por impedir outras atividades, gera na realidade um deficit de empregos, ao impedir a pecuária. Isso sem entrar no mérito que parte desse minério volta ao país na forma de “cacarecos” chineses. Por exemplo, compra-se a panela importada, por apelo comercial, num impulso natural de inovação e até pelo valor, e deixa-se de alimentar o pequeno comércio de panela de barro, até o momento em que ninguém mais sabe fazer panela de barro e passa a depender dos produtos industrializados importados.

Foi interessante, nesse feriado em que estive em La Paloma, foi a primeira vez que ao ver baleias não senti paz, harmonia, tranquilidade e esperança. Sob um céu azul, eu vi as pessoas se juntarem na praia para admirar as baleias, que sem saber o que se passa sobre as mesas dos tomadores de decisão, nadavam próximas à areia amarela. E aquelas pessoas apenas olhavam, esse é o passatempo em La Paloma, admirar a vida marinha, eles não gritavam, ou aplaudiam, eles não tiveram que pagar para isso, eles estavam apenas acalmando a alma, pertencendo àquela “vibe”, e isso era horário comercial de dia "útil". E eu, importunando a atmosfera pacífica, me perguntava se eles vão conseguir se dar conta do que está se passando antes que seja tarde de mais. Me perguntava se, assim como os corais e a vida marinha de Angra dos Reis, que não existe mais, terei que guardar as baleias de La Paloma na memória, para tentar passar só um pouquinho dessa sensação para minhas sobrinhas, se elas tiverem tempo e curiosidade de saber...


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Alerta geral


Foi linda a comoção brasileira pela morte de uma pessoa tão contagiantemente alegre como Hebe Camargo. Eu, para ser franca não dou muita bola para celebridades, mas os relatos pós-mortem foram tão tocadamente positivos que me comovi.

Pois bem, senhores, eu vi artistas e políticos chorando e relatando o brilhantismo da apresentadora, que o discurso do tal peritônio e do câncer doido que pega a todos teve um papel secundário, ofuscado pela luz da paciente. Muito bom, gostei disso, valorizar o positivo, o bom e o belo. Mas, acho que vale pegar o bonde e pormos a cachola para funcionar. Estamos encarando o cancer como uma fatalidade na qual somos meros jogadores. Investimentos brutais se voltam para aprimorar a cura, com mais e mais químicos e tecnologia de ponta. Mas e a causa, companheiros?!

Trazemos para nossas casas as (antes consideradas) saudáveis verduras, legumes, hortaliças e afins (atualmente) recheados até os tubos de agrotóxicos e pesticidas. Faça a experiencia de comprar um orgânico, ele vai se decompor 10 vezes mais rápido! Nós mumificamos nossos alimento... É incrível pensar que chegamos ao ponto de desenvolver pesticidas tão exterminadores, como o roundup da Monsanto, que tivemos que ter a brilhante ideia de recriar plantas (OGM) tolerantes a eles. Ainda não recriamos tecidos humanos, nem órgãos, mas isso vem com a seleção natural, talvez?! Me pergunto se o presidente da Monsanto consome vegetais geneticamente modificados, recheados dos seus agrotóxicos, será que ele pensa nisso, se preocupa com isso?

A ideia é (ou deveria ser) sair do egoismo individualista que perdura triunfante nos dias de hoje. Mas mesmo os que, preocupados com sua própria saúde, consomem produtos orgânicos, os ricos indivíduos que plantam seu próprio alimento, sem alimentar a industria do agronegócio, mesmo esses, respiram, e estão em contato com a mesma atmosfera contaminada de todos nós, se sujeitando ao amigo da vez, o cancer. Eu sei, que as variáveis que culminam no cancer são diversas, genética, estresse, etc, mas eu sinto (e essa eu considero outra causa grave, não sabemos mais sentir) que os produtos químicos são a principal causa.

Ademais essa doença atingindo inúmeras pessoas só pode ser um alerta para forma como estamos conduzindo nossa existência nesse planeta. Palavras como felicidade e amor não tem espaço em noticiários e na boca das pessoas respeitáveis. Apenas economia e tecnologia é o que importa, é nisso que se resumiu a necessidade da alma humana. Se você não consegue se sentir feliz com isso, mesmo gastando fortuna em shoppings center, mesmo tendo o mais moderno e tecnológico iphone, então, pobre de você deve estar doente e necessitar remédios psiquiátricos. 

O meu diagnóstico pessoal é diferente, se você não se sente feliz, em uma cidade fedorenta, cinza e barulhenta, se você não se satisfaz num shopping center, se para você não faz a menor diferença se seu celular tem o maior número do mercado (estamos no iphone 5?!), se para você a roupa do teu colega não tem a menor importância comparada com o que o que ele pensa, se você prefere alimentar sua moral e coração do que tonificar seu glúteo, então, por favor, seja bem vindo à realidade! Você não é doente, esquisito ou uma escória social, você é uma pessoa de verdade! 

Por favor, reflita sobre esse alerta. 
Muito obrigada.