Aparentemente, podemos
dizer que o nosso objetivo principal tem sido descrever, para então
podermos estudar, a realidade. E a tarefa não é fácil...
Desde filósofos
antigos temos gerado produtos a fim de atingirmos essa meta, pois os
produtos gerados foram tantos e tão incríveis que acabaram por nos
desviar de tão nobre objetivo.
Me explico melhor,
imaginemos que duas pessoas vejam uma batida de carro, cada uma irá
descrever o ocorrido de uma maneira, de acordo com seus
conhecimentos, elas escolhem palavras mais elaboradas ou simples,
conforme a sua cultura, ela pode “tomar partido”, por exemplo se
uma costuma correr a causa do acidente está na estrada mal acaba, a
memória pode influenciar, uma recorda mais detalhes, existe ainda a
possibilidade (consideravelmente comum) de alguém mentir.
Enfim, uma realidade
pode ter diversas interpretações, e ainda partimos do fato de que
nenhuma dessas interpretações será a realidade em si, pois há uma
distorção entre o fato vivido e o narrado, consistem em duas ações
distintas. Nesse caso, inventamos a linguagem considerada mais real e
menos passível de sofrer distorções, a matemática, que se
desenvolveu nas suas parentes. Dizer que o carro estava muito rápido
é vago, e depende do conceito particular de cada indivíduo, mas
dizer que estava a 120Km/h é indiscutível.
Obviamente, que a
finalidade principal da matemática não é aplicar multas mais
exatas, calcular o numero de miseráveis no planeta, dar valor a
pedaços de papéis... isso não passa de distração, a verdadeira
finalidade da matemática consiste em ser uma linguagem precisa no
desenvolvimento da ciência, que pouquíssimas pessoas se interessam,
pois a distração é tamanha que nos engoliu, a ponto de ignorarmos
quais são os cientistas da atualidade e o que os preocupa no
momento.
Li numa revista uma
analogia legal, a ciência é o alicerce de uma casa num plano de
lama. Construímos alicerces que consideramos profundos, sem no
entanto termos a certeza de terem alcançado solo firme, a partir dai
começamos a construir uma casinha, que se tornou um sobrado e a
partir daí um imenso castelo em constante ampliação.
Pode ser que alguns
estejam se dando conta de que o castelo está lentamente se
inclinando para um lado, e que precisamos parar de ampliá-lo para
lhe fortificar a estrutura, ou senão ele irá ruir de um momento ao
outro. Eu imagino que no momento, precisamos embasar o castelo social
nos pressupostos ambientais.
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