sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quilombo

Aqui no RS tem muitas comunidades alemãs, eu conheço uma loiríssima, alta, longilínea, clarinha de olhos azuis, que tem muito orgulho de ser "pomerana".
Sim, tem comunidades em que nem se fala português, apenas, pomerano!
As crianças só aprendem o português na escola.

Escola essa na qual uma outra amiga minha está atuando. Essa amiga, por sua vez é morena, morena, não, negra, como ela faz questão de repetir!
Essa escola, Keith, tem 60% de alunos pomeranos e 40% negros - me dizia ela enquanto caminhávamos pela cidade - Antes haviam 2 escolas, uma só para os pomeranos e outra para os negros do quilombo, mas com a política de acabar com as escolas rurais precisou-se fechar uma. Acho que é desnecessário dizer qual foi fechada, não é mesmo?!

Ela disse que está tendo muito conflito entre os alunos, e ela e mais 4 colegas do mestrado, loiras e lindas, estão trabalhando essa questão, entretanto os alunos negros só falam com ela. Os negros são quase invisíveis para os pomeranos, que mantém uma cultura muito fechada, são muito tradicionalista.

Os negro por sua vez, não tem uma cultura própria, o quilombo começou com escravos fugitivos, eles procuraram locais onde não houvesse ninguém, ou seja, terras pobres. Nas senzalas eram "amontoados" juntos, e é fácil imaginar que os senhores não curtiam muito quando começava a se formar uma família, a mãe era logo afastada do filho, sim, o amor fortalece, uma mãe faz de tudo por seu filho querido, um homem por sua amada... e força e união não era exatamente o que os "senhores" esperavam dos seus escravos. Ainda hoje, nessa comunidade quilombina, que só recebeu água e luz ano passado, não há o conceito de família. Ainda hoje, eles mesmos não conseguem se reconhecer como iguais entre os pomeranos, pra quem seus pais, ainda que "livres" continuam trabalhando na terra, produtiva.

E os pomeranos seguem, com bochecha rosada, orgulhosos por manterem sua mesma cultura por tantos e tantos anos praticamente inalterada.

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