segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O lobo e o leão.

Pois é, esse assunto de capital é algo bem delicado. Eis que hoje lendo o jornalzinho local tive a oportunidade de me inteirar de um caso bastante polêmico. É o caso de Gérard Depardieu. Uh, vou tentar resumir o que entendi para podermos definir uma posição.
Inicialmente, deveríamos recordar o momento frágil pelo qual passa a Europa, do qual, devo assumir, ignoro detalhes "técnicos", mas que na minha opinião tem haver com escassez de matéria prima e consequentemente dependência de exploração dos países mais ricos em matéria-prima mas, mais fracos politicamente. Talvez seja uma visão simplista, em todo caso, temos esse quadro Europeu, que vem assolando os diversos países "desenvolvidos" do velho continente. Entra em cena uma França regida por um indivíduo com tendências, declaradamente, socialistas que busca aliviar a crise em seu país e manter a qualidade de vida equilibrada. Nesse ponto acrescento o que ouvi de um professor o qual estimo muito, que no Canadá é estipulado pelo governo uma renda mínima e uma máxima, sem mansão de 50 milhões de euros (como uma das de Depardieu). Nesse cenário o presidente Hollande anuncia um aumento na tributação dos franceses mais endinheirados (até 75% sobre os que ganharem mais de 1 milhão de euros por ano, algo em torno de 230.000 reais/mês).
Mas, estamos num mundo globalizado e capitalista. Os milionários que se acostumaram a esse padrão de vida não ficam muito felizes em dividir sua fortuna, acho que eles se sentem inclusive assaltados. Cabe aqui um argumento em defesa dessas pobres almas, e se fosse sobre a tua renda? Todos achamos que ganhamos o suficiente, embora saibamos que poderíamos ganhar menos, também sabemos que podemos ganhar mais e ter essa renda reduzida para o governo é um tanto desconfortável, a início, se não temos uma noção de coletividade e tals. E então, nossos endinheirados se mudam para a Bélgica, e quase que fundam uma cidade, na qual 27% da população é de franceses milionários fujões. Inclusive nosso excelentíssimo supracitado ator.
O primeiro ministro não ficou nada contente com a posição desse cidadão um tanto influente, e criticou severamente sua posição. Ao passo que o ator, como todo bom ator famoso, cheio de si, retrucou dizendo que ninguém que  abandonou o país foi tão criticado como ele. Ele é um cidadão do mundo, e que vai devolver seu passaporte francês.
A Bélgica, na figura de seu ministro dos negócios estrangeiros Didier Reynders, pede para que o governo francês reveja seu sistema de tributação, pois o país não quer ser taxado de bode expiatório e deixa claro o fato de não adotarem medidas que incentivem a escolha dos excêntricos milionários. E que está em estudo o caso de fornecer a cidadania para o ator. Nessa matéria ainda cita um pedido do governo francês de se realizar uma "harmonização fiscal européia" a qual o ministro é favorável, mas ressalta que não será uma medida tomada em Paris.
Well, eu iria intitular esse post como "apocalipse" hehehe, pois, como imagino ter conseguido elucidar no post anterior, é essa a minha visão de "nova era". O fato é o seguinte, doa a quem doer, e aqui eu acredito sinceramente me por no lugar das vítimas do Robin Hood, é insustentável essa desigualdade cruel e gritante da qual temos sido obrigados a compartilhar. Não entra na minha limitada cabecinha o fato de uma pessoa acumular taaantos bens sem nenhuma contrapartida social.
Os argumentos utilizados pelo ator e comprado por grande parte dos capitalistas vão ao encontro de ele contribuir muito mais estando na França e pagando os já não tão modestos impostos do que ele sair e não pagar imposto nenhum. O ator, se sentindo profundamente injustiçado, ressalta o fato de ter trabalhado desde os 14 anos, e contribuído com a assistência social da qual nunca utilizou.
Sinceramente, esses argumentos não me comovem. Podem me taxar de socialista, mas minha visão vem de uma analise de mundo sincera. Eu não consigo conceber o fato de esse ator ter essa enorme fortuna sem a menor visão ecossistêmica do mundo! Confesso que se de um momento a outro tivesse minha renda reduzida eu não agradeceria numa primeira instância. Mas, se essa redução se convertesse em justiça social, o que tanto necessitamos no nosso país, aí então eu me esforçaria para compreender e fazer parte dessa mudança, e resistiria a tentação de fugir com toda a minha "fortuna" (de mil e poucas mensais) para o país vizinho. Ainda mais, cheia de razão pagando um mico global.
Bem vindo novos tempos! Go ahead apocalipse!!! E pensar que ainda nem passamos pelo umbral do dia 21!

Um comentário:

  1. Um videozinho para ilustrar nossa conversa:
    https://www.youtube.com/watch?v=j9lsc5P9Nkw

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Nos eduquemos juntas.