sábado, 12 de junho de 2010

Feliz Dia dos Namorados.




“Era um homem que amava sem esperanças. Tinha-se encerrado inteiramente em si mesmo e imaginava que se ia consumindo na chama de seu amor. O mundo desapareceu para ele. Não via o céu nem o bosque verde; não ouvia o murmúrio dos regatos nem os sons da harpa; tudo em seu redor se havia desfeito, deixando-o abandonado e miserável. Seu amor cresceu, contudo, de tal maneira, que preferiu consumir-se e morrer em sua fogueira do que renunciar à posse daquela mulher. E então sentiu que sua paixão devorava em si tudo aquilo que não fosse amor, tornava-se poderosa e impunha à amada distante uma imperiosa atração, fazendo-a correr para si. Mas, quando abriu os braços para recebê-la, achou-a transformada, e viu e sentiu, surpreendido, que atraia para si todo o mundo perdido. Lá estava o mundo diante dele, ofertando-se por completo; céu, bosque e regato voltavam a ele com novas cores, cheios de vida e de luz, pertenciam-no e falavam sua linguagem. E em vez de ganhar apenas uma mulher, tinha o mundo inteiro em seu coração e cada uma das estrelas do céu resplandecia nele e irradiava prazer em toda sua alma... Havia amado e, amado encontrara a si mesmo. Mas, a maioria dos homens amam para se perder em seu amor.”

Texto retirado do livro:
DEMIAN - História de juventude de Emil Sinclair
do autor: Hermann Hesse.

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