não Sou feia
não Sou magra
não Sou branca
Esses termos rasos delimitam
a aparência do meu corpo.
não Sou o que penso
não Sou o que faço
não Sou o que digo
não Sou o que sinto
não Sou o que tenho
não Sou o que escrevo
Esse verbos só descrevem
algumas ações daquilo que sou.
não Sou feliz
não Sou burra
não Sou comunista
não Sou competente
não Sou honesta
não Sou chata
Adjetivos não me definem
não Sou brasileira
não Sou católica
não Sou mulher
até Ser humana
não é o que Sou
porque me limita.
não é o que Sou
porque me limita.
Sei disso
Pois que é quando fecho os olhos*
que chego mais perto do que Sou
Nesse momento então
não há corpo,
não há corpo,
não há ações,
não há limites,
não há qualidades.
não há qualidades.
Só há o calor do Sol
que se funde com a pele,
que se funde com a pele,
há sua luminosidade
vermelhando minhas pálpebras,
vermelhando minhas pálpebras,
há o som das ondas e do vento
entrando pelos ouvidos,
entrando pelos ouvidos,
envolvendo tudo por dentro
unindo ao fora,
unindo ao fora,
há o cheiro da maresia
completando a fusão.
completando a fusão.
Eis aí o que compreendo que sou.
Livre das limitações das palavras,
armadas de preconceitos que
prendem nas correntes dos rótulos.
prendem nas correntes dos rótulos.
*"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos" (Saint-Exupéry)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Nos eduquemos juntas.