segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

 

Rupturas são parte da vida. E também da morte. Uma porta me fechou na cara. Talvez em grande medida por me recusar a não aceitar meu corpo. Me recusar a esconde-lo. Por isso sou constantemente punida, e cobiçada. As tempestades não vem só. Fragilizada, revendo minha vida afetiva-sexual me dando as costas. O cachorro adoece. O cachorro que acabou por se tornar o único elo com minha juventude. Mudei de casa, de rua, de cidade, de estado, as pessoas mudaram, afastaram, morreram, só o cachorro ficou. Agora, a vida vai se afastando dele, a vitalidade diminui, as pernas traseiras fracas, as doenças lhe tomam, e eu choro. Choro as rupturas, presentes, passadas e futuras, os abandonos, as dores, eu choro tomada pelas emoções dependo de pessoas próximas para trazerem alguma razão, alguma ordem em todo esse caos.

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