Blás-fêmea
o questionamento e a reflexão nos tornam mais conscientes, plenas, felizes, questionadoras e reflexivas!
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Emancipação do espectro total
terça-feira, 29 de outubro de 2024
O espírito - um esboço
Muito me intriga o "espírito" em Marx. Isso porque eu tenho sede de saber o que sinto, sinto que há "espírito". E por muitas vezes ao longo dos textos Marx fala do espírito. Eu me encafifo, já não me importa a mercadoria e seu valor de uso ou de troca, eu quero que ele me diga do espírito. E ele diz do espírito do capital, da fábrica. E sinala uma explícita oposição com o "espírito vital". Em O Capital, tomo 1, diz assim:
"O trabalho uniforme aniquila o espírito vital."
Me parece que foi por muito estudar Marx que Rudolf Steiner, sem jamais citar Marx e se declarar comunista traz toda receita de preparados que atua fortemente torando dinâmico o trabalho. Bem, esse é apenas um pequeno recorte da biodinâmica que vai muito além. E acaba por constituir núcleos de existência de "espírito vital" forte o bastante para submeter, na medida do possível, o "espírito do capital".
Na ilha em que morei, havia um pico, denominado Baepi. Ele me ensinou que precisa de um corpo saudável para subir 1.030 metros de altura, mas que precisa ainda mais de um espírito determinado, que como recompensa se fortalece em sua subida. Isso não apenas em nível individual, como no grupo. Que quando não acontece de um se diferenciar com soberba sobre suas capacidades físicas, mas antes disso, cooperar elevando a moral, esse grupo se coesiona de uma forma muito linda. Assim como os trabalhos autogestinados e cooperativos, que dignificam a existência humana.
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Licença maternidade
Em 2016, eu tive que voltar a trabalha, enquanto o leite empedrava nos meus seios e meu filho gritava minha ausência. Para além da dor, física e espiritual, escrevi, em busca de comover candidata a prefeita da eleição. Hoje, resgatei a carta e me pareceu adequado compartilhar.
Houve também alguns "mamaços" organizados, e intervenções de seminários. Hoje a licença maternidade no município é 6 meses. Insuficiente, evidentemente, mas maior que 4.
Excelentíssima sra. x
A primeira infância tem um papel crucial no desenvolvimento e constituição da pessoa. Nessa
fase a presença e o afeto da mãe são de extrema importância, por esse fator muitos países e
empresas alongaram licença maternidade para períodos superiores a um ano. Nesse cenário a
atual licença de 120 dias concedida às funcionárias da prefeitura de Ilhabela, o que
corresponde ao mínimo garantido pela Constituição Federal, nos parece em defasagem se
comparada com outros municípios da região. Fator que certamente afeta negativamente a
sociedade, às mães e futuros cidadãos e cidadãs ilhabelenses. Listamos e desenvolvemos a
seguir os principais argumentos que embasam nossa proposta de ampliação da licença para,
pelo menos 180 dias.
- Ilhabela aderiu ao programa estadual Primeiríssima Infância, tal programa em consonância
com o programa federal Criança Feliz ressalta a importância da fase inicial de 0 a 3 anos para a
constituição do ser humano. Sendo uma premissa básica dessa fase o pleno contato com a
mãe e a amamentação em livre demanda;
- compromisso assumido pelo Governo Brasileiro na Reunião de Cúpula em Favor da Infância,
realizada em Nova Iorque em 1990, de promover, proteger e apoiar o aleitamento exclusivo,
nos primeiros 6 (seis) meses de vida, e continuado, até os 2 (dois) anos ou mais de idade;
(ANVISA, 222/02; Portaria SAS/MS nº 756 de 16 de dezembro de 2004);
- o período mínimo de 6 meses para licença maternidade já é largamente praticado no Brasil,
gozam desse direito as funcionárias do governo federal (Decreto 6.690/11 de dezembro de
2008), governo do estado de São Paulo (L. 10.261/68 - Art. 198, I, com redação dada pela LC
1054/08, e art. 324; L. 500/74 - Art. 25), de outras cidades da região (Caraguatatuba, LC 25/07
Art 125; São Sebastião, LC 146/11 - Art 175). Além das empresas privadas, as quais recebem
incentivos fiscais por meio do Programa Empresa Cidadã (Lei 11.770/2008);
- a Organização Mundial de Saúde - OMS da UNICEF recomenda o aleitamento exclusivo no
peito até 6 meses, sendo essa uma medida importante para redução da mortalidade infantil.
Em sua cartilha para América Latina e Caribe reconhece a legislação com um obstáculo, e
sugere leis que garantam a oportunidade de contato entre as mães e bebês (OPAS/OMS,
2016) ;
- o período de licença maternidade de seis meses é recomendado pela Sociedade Brasileira de
Pediatria – SBP, pois neste período a criança alimenta-se exclusivamente do leite materno, o
que reduz 17 vezes as chances de a criança contrair pneumonia, 5,4 vezes a possibilidade de
anemia e 2,5 vezes a ameaça de crises de diarreia. Em 2012 a Sociedade Brasileira de Pediatria
realizou uma campanha pela ampliação da licença maternidade por entender que “Os seis
primeiros meses são insubstituíveis para o crescimento e para o desenvolvimento do bebê,
para o fortalecimento do vínculo afetivo entre mulher e o filho e para o aleitamento materno
exclusivo, conforme recomendamos”, dr. Eduardo Vaz (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2016)
- para além da indiscutível importância nutricional, o contato constante é fundamental para o
fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê, o que contribui para o desenvolvimento
emocional, algo crucial na formação de um adulto seguro. Atualmente, muitos profissionais
renomados relatam a importância do contato constante do bebe com a mãe, a psicanalista
Laura Gutman afirma que o campo emocional é compartilhado entre a díade mãe-bebe até
aproximadamente dois anos de vida (Gutman, 2010) . Esta experiência de continuidade do ser
do bebê com a mãe é também defendida por Winnicot, para quem as bases da saúde mental
de qualquer indivíduo são amoldadas na primeira infância pela mãe, através do meio ambiente
fornecido por esta. Para Bowlby a relação entre o bebê e sua mãe não se dá pela alimentação,
mas sim pela sentimento de segurança. “É destacada a afetividade, e enfatizado seu papel
constitutivo nas interações, de fundamental importância no desenvolvimento infantil.” ( Seidl-
de-Moura, et al.) ;
- o renomado pediatra Carlos Gonzalez, argumenta sobre a importância da amamentação em
livre demanda, isso é no momento em que o bebê necessitar e por quanto tempo ele precisar.
Dessa forma, mesmo os intervalos de trinta minutos previstos na CLT não são adequados para
atender em sua totalidade as necessidades desse frágil e importante período de vida;
- por reconhecer a importância desse período muitos países permitem que os bebês vivenciem
plenamente a relação com sua mãe por até mais de um ano. Em destaque, estão os países de
economia mais forte, como o Reino Unido, com 315 dias de licença; a Noruega, também com
315; a Suécia, com 240; e os países do leste europeu como a Croácia, com 410 dias de licença –
o país com maior tempo de licença maternidade no mundo todo. Montenegro, Bósnia e
Albânia também oferecem um período bom de afastamento para as mães que acabaram de
ter filhos: 1 ano de licença;
- inclusive empresas privadas, que visam lucro, ao compreenderem a importância desse
momento para o desenvolvimento humano e para a saúde psíquica da funcionária mãe, em
vista do balanço financeiro, adotam licença maternidade de um ano, um exemplo é a empresa
Netflix (BBC, 2016) ;
- em termos econômicos trata-se de um investimento a longo prazo “segundo James J
Heckman, da universidade de Chicago, Premio Nobel de Economia em 2000, investir na
primeira infância é o caminho mais lógico para reduzir déficits e fortalecer a economia, além
de ser uma efetiva estratégia para reduzir custos sociais e promover o crescimento econômico
[...] O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) afirma que um dólar investido nessa
faixa etária gera economia de sete dólares em assistência social, atendimento a doenças
mentais, manutenção de sistemas prisionais, repetência e em evasão escolar e 15 dólares
por pessoa em doenças que continuam a se manifestar na vida adulta, como depressões,
suicídios, homicídios, abusos de drogas, sintomas físicos entre outros.” (Zero a Seis, 2016) ;
- em entrevista à Radio Senado, o senador Alvaro Dias afirmou que a proposta (de ampliação
da licença) é um benefício social e não um fator adicional de custos para as empresas. De
acordo com o parlamentar, ela está de acordo com a Convenção 103 da Organização
Internacional do Trabalho, segundo a qual a maior permanência da mãe com o filho, ou filha
não só contribui para o desenvolvimento do pequeno mas também melhora o desempenho da
mulher no trabalho (Mulher, 2016) ;
- propostas de alteração nas leis federais: Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 64/07,
que torna obrigatória a licença por 180 dias (já aprovada no Senado). Projeto de Lei nº
6.273/09, que reduz em duas horas a carga horária diária de trabalho da mulher grávida, a
partir do sétimo mês de gestação. A PEC 41/2015 está na Comissão de Constituição e Justiça.
Diante do exposto, convidamos vossa excelência a refletir sobre o tema, e nos apoiar com
vossa influencia, no movimento para ampliação da licença maternidade. De modo que Ilhabela
siga no caminho de se tornar referência quanto à atenção humana e sensibilizada dessa fase.
Propomos ainda, que um passo à frente seja dado ao possibilitar à mãe a opção de um
afastamento maior, que os 180 dias já previsto e muitos municípios, com a redução ou
supressão salarial. Tomando como exemplo a conduta alemã.
Bibliografia
Seidl-de-Moura, M. L., Ribas, A. F., Seabra, K. d., Pessôa, L. F., Susana , E. N., Mendes, D. L., . . .
Vicente, C. C. (s.d.). Interações Mãe-Bebê de Um e Cinco Meses: Aspectos Afetivos.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 21(1), pp. 66-73.
BBC. (24 de 10 de 2016). Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150812_licenca_maternidade_paises_rm
Gutman, L. (2010). A maternidade e o encontro com a própria sombra. Best Seller.
Mulher, M. d. (24 de 10 de 2016). Fonte:
http://mdemulher.abril.com.br/familia/bebe/senador-propoe-extensao-das-licencas-
paternidade-e-maternidade
Sociedade Brasileira de Pediatria. (24 de 10 de 2016). Fonte:
http://www.sbp.com.br/campanhas/em-andamento/licenca-maternidade-6-meses-e-
melhor/
Zero a Seis. (24 de 10 de 2016). Fonte: http://zeroaseis.org.br/o-instituto/primeira-infancia/
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Felizes para sempre
Mesmo sendo incapaz de acompanhar as "fofocas", as minúcias das vidas íntimas de pessoas famosas, algumas coisas me chegam. Por que tenho amigas que amo e que me amam a ponto de conversar comigo, e elas são capazes de elaborar raciocínios políticos críticos e ao mesmo tempo acompanhar o resultado do campeonato de futebol e as celebridades.
Foi assim que perguntaram nos grupos de zap "vocês viram o que aconteceu com a Iza?". Eu fui pesquisar, essa diva da música, se apaixonou por um homem, com quem casou, copulou e engravidou. Isso tudo com fotos glamurosas e agora foi nas redes sociais falar que terminou o casamento porque foi traída. Ao que parece ser traída se refere ao fato de o homem ter transado com outra pessoa, sem que ela soubesse ou consentisse.
Eu conheço pessoalmente um total de zero casais que me parecem apaixonados e felizes, que se respeitam e apoiam. Há uma tendência entre as mulheres culpabilizarem os homens por serem imaturos, hedonistas, irresponsáveis e desrespeitosos. Bem, essa tendência é baseada em estatística. Acontece que quando a gestante é abandonada, se não tem dinheiro para contratar serviço de cuidado, ou a família para fazer o apoio, a chance de ela ter atendida as necessidades materiais e espirituais é nula. Cada um ajuda como pode, de maneira pontual e descontínua. Mas o compromisso de apoio integral e continuado não há.
É muito difícil que um único modelo de suporte para prover as condições para o desenvolvimento de uma criança atenda a todas as mães. E digo mãe por ser comprovado cientificamente a importância da mãe até os 7 anos. Não exclusivamente, mas necessariamente. A maioria dos casais não formam um lar saudável. Alguns passam a se odiar. É preciso que as condições de vida da gestante sejam garantidas, independente de emprego e de casamento. Isso enquanto medida objetiva.
Subjetivamente precisamos ver a realidade como ela se manifesta na matéria. E não como gostaríamos que fosse. É bom demais a paixão, em especial a que nos impele à reprodução. É um estado na alma grandioso, potente e inesquecível. Gostaríamos de viver eternamente nesse estado. E os filmes nos sinalizam que é possível, as juras de amor reafirmam. Até que vem a realidade, que impõe o fato de que vivemos em um mundo real, não ideal.