sexta-feira, 21 de junho de 2013

Todos os níveis de corrupção


Ontem, com meu cartaz de "é tanta coisa que não cabe no cartaz" fui às ruas. E de fato esse é "tanta coisa" me deixou muda, por um bom tempo, apenas observando, lendo cartazes e caminhando como boi para o abate. Mas, minha vontade era gritar, extravasar a raiva que eu sabia que devia estar sentindo. Mas, gritar o que? Contra a copa, a favor da saúde? Contra a "cura gay", contra a PEC37, contra a manipulação midiática, contra as tarifas do transporte público, contra a corrupção, contra a exploração, contra o capitalismo, contra o monopólio da noiva do mar?

Nesse turbilhão me dei conta de que nas passeatas de pequenos municípios, que certamente não terão repercussão estadual e federal, devemos nos focar na esfera municipal. E isso não é pouca coisa, pois que adianta o governo federal aumentar piso de médicos, liberar verba para construção de postos de saúde, e quando uma criança se afoga o médico do município não está no seu plantão, embora receba para isso? Se a saúde e educação é precária, parte do problema está em nível municipal.

E cadê a transparência? A noiva do mar devia ter sua conta aberta, afinal, quanto o governo, federal, estadual, municipal subsidia das passagens? Quanto imposto cobra? Quanto lucro a empresa tem? Quanto custou para o município a aquisição de novos ônibus? Onde está a licitação (que o jornal aponta que o prefeito se deu conta de que é nula, o que isso significa? não houve licitação?), o que diz o contrato? Que empresa é essa, ela gerencia outros negócios?

Muitos questionam a eficiência de um movimento apartidário, como se fosse sinônimo de apolítico e ilegitimo. Mas, muda-se partido e as perguntas continuam as mesmas. Que diferença vai fazer ter partido na manifestação? A única diferença vai ser entrar numa disputa de partidos, com a exclusão dos que se tornarem minoria. Existe diferença entre o governo de direita e esquerda, existe sim, mas existem semelhanças e é contra essas que estamos gritando. A cega corrida pelo "desenvolvimentismo" que vende o interesse público para o privado, embasado em um imediatismo imbecil, que não convence mais. Testamos e vimos que não funciona, o pólo naval é o exemplo próximo e digno de nota. Epa, epa, se é isso crescimento econômico, se é isso que se chama desenvolvimento, geração de "empregos" pára tudo, não gostamos disso.

E essa percepção não é municipal ou nacional, é mundial. Exatamente, dessa mesma insatisfação os europeus estão sendo vítimas a-go-ra. A crise, que é fruto de uma economia distante da realidade, está diminuindo a qualidade de educação, cultura e saúde nos "desenvolvidos". Atestando que investir em produção e consumo é o melhor passo para o fracasso, para a concentração de renda desumana e a deterioração de valores humanos não materiais (e até materiais, a riqueza não se materializa em infra-estrutura, ela vira ações, uma valor virtual que não quer dizer nada, na realidade). A corrupção está em todos os níveis, global, federal, estadual, municipal, privado em suas relações intra e inter, e combatê-la pontualmente está sendo desgastante e pouco efetivo.

Nesse complexo conflito que permeia diversas escalas não adianta estabelecimento de líderes do movimento para negociação com o estado. Como uma amiga defendia. Essas negociações com lideranças já existe, já acontece. Já existe uma guerra no senado, entre os que defendem o interesse público e os que se agarram aos interesses pessoais. Já se tomam medidas legais, partidárias ou não, com lideranças e não adianta. Cria lei, muda lei, estuda constituição, faz audiência pública que não adianta muita coisa. Se todas essas pessoas apartidárias, sem líderes, sem pautas documentadas, sem acordos para serem assinados, sem agenda, sem proposta, sem plano adianta? Eu acredito que sim. Quem tem que acordar são os que estão no poder (estatal ou privado) visando interesses pessoais diretos, e talvez essa movimentação os desperte. Os faça pensar, "ah, o ser humano não é egoísta por natureza, eu é que sou assim, o problema é comigo, que virei um monstro".

Voltando a esfera municipal. O foco desse 1º ato era o transporte público, que como revelei é envolto num mistério insondável. E para tentar expressar o que se passa alguns gritos foram proferidos em massa:

"Nem Fábio Branco, nem Alexandre, a noiva do mar é que manda em Rio Grande."

"Alexandre, se divorcia, noiva do mar não é boa companhia."

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