quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Panaceia utópica.

Sabemos claramente que estamos nesse exato momento enfrentando uma grave crise sem precedentes. Não é apenas uma crise econômica, social ou cultural. Conseguimos superar essas misérias que assolam populações a milênios e chegamos ao cúmulo de uma crise ambiental global. Imagino que não hajam muitos céticos que neguem o quão tenebroso está o cenário atual. Ou há?

Será necessário mostrar fotos do smog monstruoso que ocorreu na China essa semana?
Fonte: BBC-Uk
Ou as matérias sobre os níveis alarmantes de radiação na Califórnia graças ao vazamento de Fukushima? Será preciso dizer da poluição aquática, atmosférica, ou do solo graças ao volume absurdo de agrotóxico que as plantações geneticamente modificadas exigem? Será preciso um vídeo mostrando albatrozes numa ilha longínqua morrendo pela ingestão de plástico?

Sem falar sobre o que estamos fazendo nossas crianças se tornarem. Isso é, como estamos vivendo nossas vidas, com base no consumo, no status, na busca cega pelo ter. No desenvolvimento tecnológico que gere lucro, e sirva para aumentar o consumo, ou você pensa que os óculos Google vão te tornar um ser humano melhor? Ou pior, a tecnologia na busca do aumento de controle, a serviço do desenvolvimento bélico. Muros altos, com cerca elétrica, para proteger o que exerce influência graças ao seu poder de consumo da escória, que não consome e nem tem acesso à informação, cultura, educação, saúde.

Nossa sociedade está em crise, por mais que você esteja muito contente por ter conseguido comprar algo que você queria e assim, não precisa pensar na crise. Por mais que você esteja encantado com sua pesquisa, com seu novo trabalho, namorado. Por mais que você esteja nesse exato momento muito feliz, nós estamos em crise, num mundo doido, com regras que não merecem ser cumpridas.

E como resolver esse pepino? Seria investindo na educação? Você considera a educação na Alemanha boa? Então que tal dar uma olhadinha no documentário O Pesadelo de Darwin e ver da onde vem o peixe que a população bem educada consome. Seria criando leis de comércio justo, leis anticorrupção, ou medidas que limitassem o lucro, dividindo o dinheiro entre todos. Será que isso realmente funcionaria?

Desconfio que não. O sistema econômico é baseado em dívida e escassez. Algo se torna mais valioso quanto menos pessoas tiverem acesso a ele. A escassez aflora as mazelas dos animais, precisamos garantir o que é "nosso", nos tornamos agressivos, competitivos, insensíveis, egoístas. Sim, algumas pessoas não, mas são poucas, em comparação com as demais. Isso gera um modo de pensar, comportar e sentir que acaba acarretando todos os outros problemas, desigualdade, injustiça, preconceito, poluição, depressão, altos índices de suicídio, violência.

Meu professor, o mentor do meu curso de mestrado, tem uma matéria muito legal em que ele indica artigos de gerenciamento costeiro e debatemos. Ele, eu diria, tem fé no sistema, acredita em leis, em programas, e projetos para ir melhorando realidades. Sempre tendemos a ir fundo no problema de cada artigo, e ele tem que reconduzir a conversa, porque sempre chegamos no mesmo poço sem fundo "economicismo". O sistema monetário é um grande problema.

Isso eu já desconfiava antes de entrar no mestrado, foi por isso que colei numa guru da economia para pedir orientação. Acreditava eu que "internalizando" custos, tornando empresas verdes, tornando a Economia Verde chegaríamos a uma solução. O que fui encontrando pelo caminho me desiludiu muito, não existe empresa verde (talvez algumas poucas exceções) mas a maioria pratica o greenwashing para vender mais (algo nada sustentável) nenhuma empresa vai fazer uma campanha para que você compre menos. A certificação ambiental parece ser mais um modo de o dinheiro escapulir dos países pobres para se concentrar na sede das benevolentes ONGs que desenvolveram o marketing.

Conclusão, essa economia tem que mudar, não se adaptar feito um camaleão devorador de almas. Porque temos fronteiras? Fazendo com que gastemos fortunas com exércitos, marinha, aeronáutica, guerras infindáveis. O que faz com que países influentes e experientes nessas regras de merda suguem o recurso dos outros, desde o seu "descobrimento". Sendo que somos todos seres da mesma espécie...

Não podemos ter fronteira se quisermos de fato nos desenvolver como seres humanos. E nem podemos perder tempo e energia buscando comida (trabalhando incessantemente para garantir o passaporte para alimentação), razão tinha o Fernão Capelo Gaivota. Já produzimos alimento capaz de alimentar 12 bilhões de pessoas (estamos em 7 sendo que agora acaba de morrer um de fome, enquanto outros milhões estão subnutridos). Temos tecnologia o suficiente para abolir a maioria dos empregos entediantes e pesados.

E se não houvessem fronteiras? E se não houvesse dinheiro, e o alimento, e bens produzidos com alta tecnologia estivesse acessível a todos? E se a economia fosse baseada em recursos? E se todos tivessem moradia, acesso a saúde e a temas culturais diversos que lhe interessassem? E tempo livre para desenvolver habilidades e contribuir no progresso cultural?

E se eu te dizer que esse mundo já tem até maquete?
Acesse http://thevenusproject.com/ e comece a pensar como seria o mundo se a tecnologia estivesse a serviço de todos os seres humanos.

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