terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Documentário The Cove

Nesse sábado, eu e meu namorado assistimos ao documentário The Cove, de 2009. O vídeo é tão chocante e profundo, que chorei em alguns trechos, quase vomitei em outros e no final ficamos congelados vendo as letrinhas subirem. Sem dizer uma palavra fiquei esperando que meu estômago se desembrulhasse...

Vou começar a narrar um pouco do documentário, isso é, spoiler!!

O documentário trata basicamente da matança de golfinhos que ocorre no Japão, os motivos são complexos e não lineares. A iniciativa partiu do treinador dos golfinhos que "interpretaram" o Fliper. Ric passou por uma experiência profunda, ele se apegou a uma "golfinha" pois são animais inimaginavelmente inteligentes, dóceis e carismáticos. No entanto, apesar de sua carinha sempre feliz a golfinha cometeu suicídio em seus braços ao, conscientemente optar por parar de respirar. A partir de então, o então rapaz, passou a sentir a necessidade de proteger os golfinhos, e se sentir culpado, pois, graças ao sucesso de Fliper, diversas pessoas passaram a nutrir o desejo profundo de ver, mergulhar e tocar em golfinhos. E outras pessoas, que sentem a necessidade de ganhar muito dinheiro, notaram uma demanda e construíram aquários e piscinas para proporcionar essas experiências aos "consumidores de emoção".

Golfinho, nós sabemos, não cresce em árvore. Eles nascem nos oceanos, e precisam ser capturados para ser expostos em cativeiros. Embora o SeaWorld afirme que eles se reproduzam muito felizes em suas piscinas. O ex-treinador supracitado, atualmente ativista ambiental, foi em busca da fonte dos golfinhos sorridentes e exibidos. Descobrindo uma pacata cidade no Japão denominada Taiji, a cidade (parece muito, muito, muito uma piada surreal, mas não é) possui monumentos à golfinhos e baleias, e diversas áreas são "privadas" e de acesso restrito, as quais não se pode filmar.

Sangue de golfinhos tingem a água numa enseada em Taiji.
Com muita astúcia, coragem, e dinheiro (!) a equipe do documentário conseguiu instalar umas câmaras secretas e filmar o massacre que ocorre nessas enseadas. São milhares de golfinhos mortos, o que tinge a água de vermelho, passando uma sensação verdadeiramente macabra. Alguns golfinhos mais bonitinhos são mantidos vivos e comercializados aos aquários, por até US$ 150.000. Nesses locais eles pulam e sorriem, vendendo alegria momentânea aos poucos privilegiados (e entediados) que podem pagar. O golfinhos lá são dopados de remédio, por estarem sempre sob muito estresse, afinal, no oceano costumavam nadar milhares de quilômetros diariamente.

Golfinho de US$ 150.000 no SeaWorld mantido em cativeiro
para que consumires de emoção possam beijá-lo.
Acontece que a conta não fecha, poucos são comercializados vivos e muitos são assassinados. A alegação era de que a carne era consumida pela enorme população japonesa que não tem muita área agriculturável e nem está disposta a pagar mais para os países que tem. Pois bem, acontece que no mercado não havia carne de golfinho a venda, e alguns entrevistados em Tóquio pareciam não acreditar que havia consumo de carne de golfinho. E isso porque, devido a dieta do golfinho ser a base de muitos peixes este acumula grande concentração de mercúrio. É tóxico! Ainda assim, descobriu-se, por testes de DNA que algumas carnes de baleia no mercado, eram na verdade golfinho tóxico e o mesmo na marmita das crianças (as quais são obrigadas a comer tudo para ficarem fortes...). Considerando aqui a diferença entre baleia e golfinho como a arcada dentária e o tipo de dieta. Bom, além de termos um fato chocante, o de que nossos golfinhos estão contaminados graças a nossa teimosia irracional em queimar combustíveis fósseis, continuamos com a conta da matança extrapolada.

Afinal, porque matar tantos golfinhos sem que haja tanta demanda, nem para o consumo alimentar, nem para o consumo de emoção? Golfinhos comem peixe, assim como nossos amigos japoneses, e todos os onívoros que buscam saúde e ômega-3, para serem mais inteligentes e bonitos. Logo, eles são competidores do mercado e os responsáveis pelo colapso pesqueiro! São pragas dos mares. Parece outra piada bizarra, e eu espero que seja. Outro fato sugerido no documentário se baseia no orgulho Japonês. Eles tem a tradição de matar mamíferos marinhos há milhares de anos, e aparecem alguns ocidentais prepotentes e dizem, "ei, mas nós amamos a fauna carismática! Não se pode matá-los. Só se pode matar vacas, galinhas, porcos e peixes." E então trata-se de algo bastante cultivado na nossa esquisita sociedade soberania e poder...

O documentário expõe maiores (e igualmente bizarros) detalhes, como a instituição que protege as baleias e não passa de uma fraude, em que o Japão paga para países miseráveis opinarem a favor da permissão da pesca de baleia...

No site do Take Part - the cove, diz que a quantidade de golfinhos mortos diminuiu. Não sei como eles conseguem contar e nem sei se tudo o que foi dito condiz fielmente com a realidade. O Japão afirma que não. Mas as imagens eram reais, e independente dos motivos os massacres acontecem anualmente.

Acho que vale sempre se questionar sobre nosso papel nisso. Apesar de ser algo distante, tudo está conectado e interligado. Eu, costumo me questionar há algum tempo, e assim como me sinto mal em assistir o massacre de golfinhos o mesmo me passa com todas as demais espécies, as quais deixei de consumir ano passado. Mas, ao mergulhar costumo sentir a necessidade de tocar na pouca e pobre vida marinha que resta, algo que passarei a questionar. E se sentia vontade de nadar com golfinhos, ou mesmo pagar para montar num barco e ir grunhindo e soltando fumaça até eles, já não sinto mais. Gostaria apenas de assistir a harmonia entre todas as espécies, todos os terráqueos (título do próximo documentário, o qual já baixei!).

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